Quando quase todo mundo esperava que o Comitê de Política Monetária aumentasse a taxa básica de juro em meio ponto percentual, para 12,25% ao ano, veio a decisão de um corte menor, de 0,25%. E isso em meio a um cenário de forte inflação, motivada pelo crescimento do consumo – graças ao crédito fácil, melhoria nos salários e aumento nos empregos – e pelo aumento nas commodities.
Algo não fecha nesta conta. Por mais que o governo negue, mais cedo ou mais tarde, novas medidas de aperto no crédito deverão chegar ao bolso. Isto para conter a inflação. E devem pegar principalmente as classes CDE, que justamente estão empurrando o consumo para cima. O aumento do IOF para os financiamentos só foi o início do “saco de maldades”, como diria o ex-presidente do BC Gustavo Franco.
Quem puder acertar as suas contas, que aproveite a oportunidade, já que renegociar a dívida no futuro pode ser em bases piores, ou seja com juros maiores e prazos menores para pagar as dívidas.
Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que dois terços das famílias que ganham até 10 salários mínimos tem algum comprometimento com dívidas. Uma em cada seis se diz altamente endividada, ou seja, ultrapassou o limite prudencial do comprometimento de 30% da renda com prestações, carnês, etc… E a tendência, segundo a entidade é de um aumento moderado na idadimplência.
Alguns sinais apontam para uma deterioração do orçamento familiar. Os atrasos em dívidas com financeiras, cartões de crédito – justamente as que tem as maiores taxas – aumentaram 53% no comparativo entre março de 2010 e março de 2011, aponta a empresa de análise de crédito Serasa Experian. A qualidade de crédito do consumidor que ganha até R$ 500 caiu ao longo de todo o ano passado.
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