Florianópolis - Parlamentares, autoridades e gestores da Saúde de Taió reuniram-se em audiência pública realizada no município nesta segunda-feira, dia 18, para discutir a situação do Hospital e Maternidade Dona Lisette A unidade, que atende pacientes provenientes de seis cidades da região do Alto Vale do Itajaí, não possui pronto socorro e carece de profissionais em especialidades como Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia. Os problemas levantados farão parte de um relatório que será encaminhado ao governo do Estado e servirá de base para os futuros encaminhamentos da Comissão. O evento foi promovido pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Volnei Morastoni (PT).
Com 48 leitos disponíveis, o Hospital e Maternidade Dona Lisette é uma referência aos que procuram atendimento médico na microrregião de Rio do Sul, da qual Taió faz parte, destinando 80% de seus atendimentos a pacientes oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, apesar da elogiada estrutura, o hospital, mantido pela Igreja Luterana, não conta com importantes serviços médicos, como UTI adulta e pediátrica. A unidade hospitalar também não possui médicos em sua folha de pagamento, que são remunerados apenas através de convênios, e não existe sobreaviso de nenhuma especialidade. Como não possui Pronto Socorro, as emergências são atendidas no serviço mantido pela Prefeitura. Os casos de urgência são encaminhados para os hospitais de referência em Rio do Sul (56 km) ou Lages (80 km).
Rebatendo as acusações de que os problemas seriam frutos da falta de recursos e de gestão, a presidente do hospital, Úrsula Hosang, afirmou que a unidade vem sendo sobrecarregada pelo grande número de pacientes oriundos de outros municípios, situação agravada pelas dificuldades em conseguir obter especialistas em áreas como a Pediatria. “Precisamos colocar a direção do hospital e a população em consonância, pois a instituição tem funcionado como pólo regional, além de sua capacidade”.
O secretário de Saúde de Taió, Klaus Dieter Diel (PMDB), afirmou que o município vêm cumprindo a sua parte, investindo 21,26% das suas receitas no setor, muito além das obrigações legais (15%). Diel lamentou que verbas que poderiam ser aplicadas em melhorias nas unidades hospitalares vêm sendo gastas na manutenção de veículos para fazer o translado de pacientes para os hospitais regionais de Rio do Sul, Lages e Florianópolis. “A Saúde aqui acontece, mas precisamos melhorá-la, com investimentos estaduais para o ampliamento dos tratamentos de média complexidade”.
Solução regional
As dificuldades enfrentadas pelos municípios para sustentar seus serviços de saúde já são de conhecimento do governo estadual, segundo afirmou o secretário de Desenvolvimento Regional de Taió, Hugo Lembeck (PMDB). Cidades como Mirim Doce e Santa Terezinha, do entorno de Taió, acrescentou, não possuem sequer um hospital e todas as demais passam por dificuldades na manutenção das suas unidades médicas. “Agora, véspera de Páscoa algumas dessas instituições chegam a promover bazares com o objetivo de levantar recursos”, lamentou. Mas os problemas, disse, não se restringem à falta de verbas, mas também à dificuldade em atrair profissionais para o interior do Estado. “Um exemplo disso pode ser visto em Mirim Doce, que está oferecendo R$ 15 mil de salário, mas mesmo assim não tem conseguido contratar um Pediatra”.
Para o deputado Jailson Lima (PT), a saída é conscientizar as autoridades municipais e estaduais da importância estratégica que o Dona Lisette tem para a região. A partir disso, acrescentou, ficará mais fácil obter a mesma assistência que possui o Hospital Regional de Rio do Sul. “Temos que ter unidade no encaminhamento, buscando uma estratégia microrregional, um novo norte para o setor”, disse o parlamentar, que foi o proponente da audiência.
Membro da Comissão de Saúde e médico de profissão, o deputado Jorge Teixeira (DEM) sugeriu que Taió assuma os atendimentos de média complexidade, relegando aos demais municípios os encaminhamentos básicos. “O Conselho Municipal de Saúde tem que assumir suas responsabilidades, cabendo ao governo do Estado criar uma política de interiorização de especialistas”. Outra medida viável, apontou Teixeira, seria a união dos gestores municipais para que se ofereça o suporte necessário à fixação dos profissionais na região.
Da mesma forma, o deputado Volnei Morastoni acrescentou que as audiências públicas vêm mostrando que a inoperância de alguns municípios, principalmente por falta de gestão, tem levado á sobrecarga das unidades hospitalares dos grandes centros, inviabilizando todo o sistema. “Não dá para discutir a situação dos hospitais sem discutir a atenção básica, os hospitais de pronto atendimento”. O Parlamentar afirmou ainda que a solução passa pelo aumento de verbas federais, que já foram sinalizadas pelo ministro da Saúde, através do reajuste da tabela do SUS e do cumprimento da Emenda 29, que fixa os percentuais mínimos a serem investidos anualmente em saúde pela União, por estados e municípios.
Participaram também da audiência a vereadora e presidente da Câmara Municipal de Taió, Maria Clarice Gomes Matteucci (PSDB); o prefeito em exercício de Taió Volnei Sandri (DEM); a prefeita de Mirim Doce, Maria Luiza Kestring Liesbsch (PMDB); o vice-prefeito de Agrolândia, Guido Bauer (PMDB); e o presidente do sindicato dos agricultores de Taió, Horst Schoenfelder. (Alexandre Back)