Diogo Vargas | diogo.vargas@diario.com.br
A facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC), considerada por policiais como a maior ameaça à segurança pública do Estado, sofreu um golpe neste fim de semana. Seis pessoas foram presas pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), entre elas Davi Schroeder, conhecido como "Gangster", que cumpria as ordens vindas da cadeia. Thaise Danielle da Conceição, mulher de Gângster, também está presa. Os demais presos são Leonardo Becker Dematte, Sinésio Benedito Faquere Júnior, Luciano Rosa, o Careca, e Willian Eulipia, o Manco.
A ação da Deic foi denominada operação Al Capone (norte-americano chefão da máfia no século passado), numa comparação com a atuação do "Gangster" catarinense cuja identidade completa ainda não foi revelada pela polícia.
Os investigadores da Deic agiram de forma discreta e sem alardes na sexta-feira à noite e madrugada de domingo. Foram apreendidos oito quilos de maconha, cocaína, LSD e comprimidos de ecstasy.
Em seu novo site na internet, a Secretaria de Segurança Pública divulgou no domingo à tarde que se trata de uma quadrilha que mantinha relações próximas com integrantes da organização criminosa que age de dentro da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis.
O diretor da Deic, delegado Cláudio Monteiro, passou a tarde ouvindo os presos. Ele dará detalhes da operação e do bando na manhã de segunda-feira, em entrevista coletiva, em Florianópolis. Além dos seis homens presos, duas mulheres chegaram a ser encaminhadas para a Deic, mas foram liberadas.
Uma delas está grávida de seis meses. O Gangster do Estado é tratado pela polícia como uma espécie de "disciplina geral". IIsso porque cumpriria as determinações do PGC. A polícia fez as prisões depois de investigar a participação de Gângster no tráfico de drogas e de que no fim de semana ocorreria uma transação entre dois dos investigados de Joinville (Leonardo e Sinésio) na Grande Florianópolis. .
Mil membros em São Pedro
De dentro de cadeias, presos ordenam crimes e controlam o tráfico de drogas. Seja por telefones celulares, manuscritos ou ordens pessoais dadas durante as visitas. Nas ruas, criminosos ou pessoas relacionadas com a organização cumprem as determinações e contribuem com a logística operacional e financeira.
A cada dia, os investigadores da Deic deparam-se com a expansão do PGG dentro das cadeias catarinenses. Um policial civil que atuou na operação Al Capone disse no domingo ao DC que a facção já tem cerca de mil detentos integrantes — a cadeia tem cerca de 1,3 mil presos.
— Eles estão dominando os presos no sistema prisional cada vez mais e fora contam com logística e apoio para comandar crimes — relatou o investigador.
Para a polícia, o grupo ganhou força com a suposta entrada à facção do traficante Sérgio de Souza, o Neném da Costeira, no final do ano passado. Neném está preso na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, a unidade de segurança máxima, onde estão os principais chefes e braços do PGC.
A Operação Al Capone mobilizou equipes de investigação das divisões de Repressão a Entorpecentes e Furto e Roubos da DEIC e teve apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).