O cego foi, lavou-se, e voltou enxergando

03/04/11 Dom: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a - Sl 22 - Ef 5,8-14

EVANGELHO: Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. E cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colou-a nos olhos do cego. E desse-lhe: "Vai lavar-te na piscina de Siloé" (que quer dizer: Enviado). O cego foi, lavou-se, e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego - pois ele era mendigo - diziam: "Não é aquele que ficava pedindo esmola"? Uns diziam: "Sim, é ele"! Outros afirmavam: "Não é ele, mas alguém parecido com ele". Ele, porém, dizia: "Sou eu mesmo"! Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego. Ora, era sábado, o dia em que Jesus tinha feito lama e aberto os olhos do cego. Novamente, então, lhe perguntaram, os fariseus, como tinha recuperado a vista. Respondeu-lhes: "Colocou lama sobre os meus olhos, fui lavar-me e agora vejo"! Disseram, então, alguns dos fariseus: "Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado". Mas outros diziam: "Como pode um pecador fazer tais sinais"? E havia divergência entre eles. Perguntaram outra vez ao cego: "E tu, que dizes daquele que te abriu os olhos"? Respondeu: "É um profeta". Os fariseus disseram-lhe: "Tu nasceste todo em pecado e estás nos ensinando"? E expulsaram-no da comunidade. Jesus soube que o homem tinha sido expulsado. Encontrando-o, perguntou-lhe: "Acreditas no Filho do Homem"? Respondeu ele: "Quem é, Senhor, para que eu creia nele"? Jesus disse: "Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo". Exclamou ele: "Eu creio, Senhor"! E prostrou-se diante de Jesus. (Jo 9,1-41).

Vida e luz são tão unidas que 'nascer' se diz 'vir à luz' e parir se diz 'dar à luz'! As coisas são conhecidas e se tornam úteis quando vêm à luz da nossa inteligência. O amor dá uma luz particular ao coração, que se reflete no olhar e nos faz ver com olhos novos. Na verdade, a luz é princípio de tudo: faz existir e conhecer, viver e amar. Não é à toa que, segundo o relato do Gênesis, foi a primeira realidade a ser criada (Gn 1,2). O contrário da luz são as trevas e a escuridão, a cegueira e o engano, a tristeza e o ócio. Numa palavra: a morte. João, no capitulo 9, apresenta o itinerário batismal: caminho de iluminação que nos faz renascidos do alto (Jo 3,7.31), da água e do Espírito, ou melhor, daquela água que é o Espírito (Jo 3,5). Não por acaso o batismo, na Igreja Antiga, era também chamado 'iluminação', e os batizados, 'iluminados' (Hb 6,4; 10,32). O Novo Testamento registra um antigo hino batismal que dizia: "Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará" (Ef 5,14). Às vezes, se diz que a fé é cega, pondo-a no mesmo nível da irracionalidade, da crendice e da superstição. A fé, na verdade, é um 'ver', uma visão nova e mais profunda. Não tem nada a ver com 'visões' particulares e estranhas. É um abrir os olhos para a realidade. Cegos de nascença, nossos olhos, ao invés de enxergar o outro, são espelhos que refletem nossos próprios fantasmas, que confundimos com a realidade.

04/04/11 - Seg: Is 65,17-21 - Sl 29 - Jo 4,43-54

05/04/11 - Ter: Ez 47,1-9.12 - Sl 45 - Jo 5,1-16

06/04/11 - Qua: Is 49,8-15 - Sl 144 - Jo 5,17-30

07/04/11 - Qui: Ex 32,7-14 - Sl 105 - Jo 5,31-47

08/04/11 - Sex: Sb 2,1a.12-22 - Sl 33 - Jo 7,1-2.10.25-30

09/04/11 - Sáb: Jr 11,18-20 - Sl 7 - Jo 7,40-53