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Projeto Jemberem - Missão: ajudar!

Segunda, 04 de abril de 2011

Doze dias em aldeias de um dos países mais pobres do mundo

 

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Os missionários Silvia e Luiz Américo na sala de aula: dez anos em Guiné Bissau (Fotos Divulgação)
 

Antes de chegar a São Bento do Sul, há oito anos, Daguimar Nogueira, 49 de idade, morou em Paranaguá/PR, onde conheceu um pastor-empresário, que em 2010 esteve em Guiné Bissau, país de língua portuguesa e um dos mais pobres do mundo. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ocupa a 166ª colocação, com uma expectativa de vida de apenas 46,4 anos. O Brasil, para se ter uma ideia, apresenta seu IDH na 73ª posição (considerado elevado) e uma expectativa de vida de 72,4 anos - vinte e seis anos a mais!

No país africano, o pastor-empresário conheceu o casal de missionários brasileiros Luiz Américo Paulino e Silvia, há dez anos vivendo por lá. Foi a ponte para Daguimar, que em São Bento do Sul preside o Instituto de Desenvolvimento Integral (IDI), uma entidade assistencial sem fins lucrativos que existe desde outubro de 2006. Segundo Daguimar, o empresário acabou lhe custeando todas as despesas para uma viagem à África.

A viagem iniciou em Curitiba, no aeroporto, no dia 6 de março, domingo de Carnaval, e só terminou na terça-feira, dia 8, depois de passar por Fortaleza, Cabo Verde e Dakar (Senegal). Ao chegar a Bissau, capital de Guiné, Daguimar encontrou inclusive os festejos carnavalescos ainda em transcurso. Questionado se de fato percebeu alegria nas pessoas em plena festa, Daguimar respondeu: "Era um momento de fuga. O povo não é acostumado a sonhar".

Mesmo sendo a capital do país, a cidade, conforme ele, sequer tem energia elétrica - com exceção de alguns pontos, em horários determinados. Trânsito desorganizado, poeira e caos no comércio popular também marcam a capital. Segundo ele, comparando, é quase como os centros de compras do Paraguai, "mas na terra". De Bissau, Daguimar seguiu para o interior, a uma aldeia distante cerca de trezentos quilômetros. De acordo com ele, a viagem já começa no "asfalto ruim", terminando no "muito péssimo".

 

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Merendeira e monitor preparam a comida para as crianças
 

CENÁRIO ARCAICO

Na aldeia, denominada Iemberem, encontrou um cenário mais arcaico ainda: casas de barro, cobertas com palha, com crianças sujas, mal vestidas ou nuas. "É impressionante o número de crianças", disse. No país, com grande presença muçulmana, existe a poligamia, ou seja, quando o homem tem várias mulheres. Deparar-se com tal realidade, define Daguimar, foi "impactante e desafiador". Uma Organização Não Governamental (ONG) fornece a pouca energia elétrica ao local, não há "nenhum saneamento básico", a água provém de um único poço, pequenos comércios abastecem a aldeia.

Entre 1,2 mil e 1,5 mil pessoas vivem no local, que conta com duas escolas - uma que atende da pré-escola à 5ª série e outra até o chamado 12º ano (completando o nosso Ensino Médio). É neste ambiente que trabalham os missionários brasileiros, com quem Daguimar conviveu durante os doze dias em que permaneceu em solo africano. Ao todo, os brasileiros atendem mais de trezentos alunos.

Os trabalhos do projeto, denominado Jemberem (oriundo do nome da aldeia), concentram-se em três eixos principais. O primeiro é o próprio apoio na escola, uma vez que em Guiné Bissau o analfabetismo atinge praticamente seis em cada dez pessoas - no país, um professor ganha cerca de US$ 100,00 por mês, pouco mais de R$ 160,00. No ambiente escolar praticamente não há nenhuma estrutura disponível. O segundo eixo está relacionado a um hábito que faz as meninas, bastante jovens, casarem-se mesmo contra a sua própria vontade. O terceiro, o mais chocante, é a prática do infanticídio, ou seja, a morte de crianças. Tal prática é adotada quando elas nascem com alguma deficiência ou quando nascem gêmeos, por exemplo - nesse caso, um dos dois é morto. "É uma coisa bem cultural" na aldeia, de acordo com Daguimar.

 

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Expectativa de vida no país africano é de apenas 46,4 anos
 

HIGIENE E ALIMENTAÇÃO: MUITOS CUIDADOS

Durante sua estada na África, Daguimar Nogueira ficou na casa dos missionários brasileiros, tomando cuidado especial quanto à higiene e à alimentação. "Tem que cuidar muito", explica. Mesmo assim, acabou passando mal após comer uma "capriela", uma galinha de pequeno porte preparada com bastante limão, pimenta e um pouco de sal, cozida e depois assada. Segundo Daguimar, chamou-lhe a atenção o fato de os membros da aldeia Iemberem - e mesmo das aldeias próximas - cultivarem produtos como batata-doce, aipim, amendoim e beterraba, sem consumi-los e nem mesmo agregando valor aos mesmos, vendendo-os in natura. A base da alimentação é o arroz "com algum molho", além de batata frita.

Algumas tribos locais chegam a caçar em busca do alimento, mas no caso dos muçulmanos, por exemplo, a única prática do gênero é a pesca. As aldeias circunvizinhas estão localizadas em áreas florestais. Daguimar visitou seis delas (os missionários atuam em doze) e viu naquele ambiente "um mar de necessidades, mas também de oportunidades". Ele diz que deseja "ter vida e saúde" para poder, futuramente, desenvolver trabalhos nas aldeias que visitou, principalmente projetos agrícolas sustentáveis, uma vez que o solo é fértil. Para Daguimar, entre as oportunidades existentes está a de "fazer cidadãos de valor".

Nas aldeias, os trabalhos de evange-lização cristã, de acordo com Daguimar, são bem aceitos pelos pais de origem muçulmana - e os missionários têm bastante credibilidade inclusive entre os "reis", como são chamados os líderes das aldeias, onde também existem campinhos de futebol improvisados, de terra batida, com crianças jogando bola descalças, algumas com a camiseta da Seleção Brasileira. Diz ele que "o sonho" de muitos jovens, aliás, é vir para o Brasil, que eles conhecem principalmente através da TV Record Internacional.

 

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Daguimar Nogueira com um morador local: “Mar de necessidades e oportunidades”
 

PRÓXIMAS ETAPAS

Para o período de férias escolares no Brasil, na metade do ano, Daguimar pretende levar dois professores de São Bento do Sul para o país africano, com a missão de treinar cerca de trinta alfabetizadores locais. "Já estamos em busca de recursos", avisa. A ideia é permanecer duas semanas por lá. Outra etapa do projeto, mais voltada à área de saúde, pretende-se desenvolver em janeiro de 2012, também com a participação de profissionais que atuam em São Bento do Sul. Conforme Daguimar, o objetivo é levar uma equipe com "um enfermeiro, um ou dos médicos e, quem sabe, um dentista também". De acordo com ele, já existem profissionais interessados no projeto.

O Instituto de Desenvolvimento Integral está localizado na rua Alexandre Schlemm, no bairro Oxford, em São Bento do Sul, ao lado da sede administrativa do Grupo Rudnick, e tem como principal produto a psicoterapia, "uma forma e ajudar as pessoas a resolverem seus problemas de ordem pessoal, conjugal, familiar e profissional", conforme Daguimar Nogueira, engenheiro agrônomo com pós-graduação em Teologia e em Aconselhamento Familiar. Contatos podem ser feitos através do e-mail jemberem@hotmail.com e pelos telefones 0**47-3635-4249 e 9136-9074. (E.L.)



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