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Maurélio Machado

maurelio_machadoyahoo.com.br

Escritor e Poeta

Natural de São Bento do Sul,SC, casado com Karim Voigt, pai de 2 filhas: Daniela e Fernanda e 1 filho: Fábio Luis, 1 neta Giovanna e 1 neto Eduardo.

 Membro da Academia Parano-Catarinense de Letras, ocupando a cadeira de nr. 41.

 Membro da Diretoria da Oficina de Poetas - formação de jovens poetas nas escolas públicas.

 Membro da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina 

Municipal de São Bento do Sul

 Mérito Literário do Instituto Montes Ribeiro de Curitiba/Pr

 


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DESBOTADAS CARTAS

Domingo, 31 de outubro de 2010

Estava muito frio, o mercúrio do termômetro parecia congelado nos 2ºC e a chuva carregada pelo vento sibilante não dava trégua.

A casa estava aquecida, no fogão de lenha tocos de bracatinga crepitavam quebrando o silêncio reinante.

Osvaldo levantara-se cedinho, teria que ir à vila próxima para comprar suprimentos, o armário da cozinha estava quase vazio.

Observou o abrigo ao lado do casebre, o velho pangaré tiritava de frio, precisava arreá-lo para seguir pela trilha lamacenta para chegar à vendinha.

Ranger de porta, ao derredor as árvores contorciam-se castigadas pelo vento, arrepiou-se... da soleira da porta observou  a massa de névoa que encobria a vegetação, pios  de pássaros ocultos na mata pareciam anunciar nova tempestade.

Fechou a porta. Amanhã irei, hoje não saio de casa nem que a vaca tussa.

Recostou-se no banquinho ao lado do fogão, a chaleira d’água quente lançava vapores de fumaça que se diluíam suavemente no ar.

Da parede acima da mesa da cozinha o velho cuco anunciava: 6:00 da manhã.

Osvaldo empertigou-se, já era hora de um mate quente, o amargo chimarrão, cuia, bomba e erva as mãos, preparou o delicioso chá tão apreciado pela gente do sul.

Ficou ali mateando, matutando sobre a vida, lembranças passadas.

Tornou ao quarto e abriu a porta do tosco guarda-roupa... lá estava ela, a caixa de sapatos em que guardava pequenos mimos e recordações: o par de alianças, óculos de sol, o relógio de pulso, poucas fotografias e algumas desbotadas cartas... o maço de papéis amarelados enlaçados por uma fita azul, titubeou mas assim mesmo desenlaçou-os vagarosamente.

Sentou-se na beira da cama, as mãos tremulavam, desdobrou-as cuidadosamente temendo que se desmanchassem sob o toque áspero.

Transladou-se ao passado, alegres e tristes recordações assomavam-lhe a mente, abriu a carta derradeira, uma violeta ressecada, colada na desbotada carta encimava a despedida:  

 – Adeus Osvaldo, tenho que partir, não me procure mais, nosso amor é impossível, meus pais jamais aceitariam que eu me casasse com o filho do caseiro de nossa chácara, lembre sempre de mim pois eu jamais o esquecerei, beijos... Renata.

Olhos cheios de lágrimas, Osvaldo largou as cartas sobre a cama e retornou à cozinha, do armário apanhou a aguardente e murmurou: “Até nunca mais, querida!”. 



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