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A vista do meu ponto - Jonny Zulauf


Advogado


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AMOR E TECNOLOGIA

Quinta, 26 de novembro de 2015

 

É possível sustentar com segurança que a afirmação no sentido de que “nada como antigamente” é relativa. Por um lado, antigamente tudo era mais difícil, como um simples telefonema para a mãe. Hoje temos o conforto extraordinário dos telefones celulares, que além de permitir conversar com ela, você pode vê-la, saber onde está, como está e, sem necessitar de qualquer deslocamento, dar-lhe um presente. Tínhamos o contato físico, a presença, o toque. Estávamos sempre próximos. Hoje, nos locomovemos mais, viajamos, trabalhamos em vários ambientes, vamos mais longe para tudo, mas podemos estar em contato permanente. Houve, sim, uma evolução. A tecnologia nos permite estar constantemente com nossas pessoas mais queridas, aferir nossa condição física, cuidar de nossa saúde, ter mais conforto.

 

AMOR E TERRORISMO

Ao lado das considerações românticas acima, onde até o amor pode ser exercido por vias cibernéticas, existem os riscos de abusos pela falsa ideia de privacidade. No passado as palavras voavam e desapareciam com o tempo. As cartas podiam ser eliminadas. Hoje tudo pode ser recuperado, resgatado, recomposto mesmo que se queime o aparelho que tenha gerado uma mensagem secreta. Há uma completa falta de segurança e domínio sobre os sistemas que permitem estas facilidades. Compras, declarações fiscais, pagamentos, cadastros e informações sigilosas ou não, em diversas circunstâncias não podem ser realizadas senão por meios eletrônicos e virtuais. Aí aparece a face terrorista da nova regra. A precariedade da segurança dos sistemas são assustadores, a exemplo do eSocial. Para gerar o boleto do chamado Simples Doméstico nos últimos dias, mais de um milhão de cidadãos brasileiros frustraram-se ao tentar acessar o portal que simplesmente não funcionou. Um massacre diário com softwares que não funcionam.

 

DOIS DRAMAS

O terror da insegurança que o Estado, por todas suas instâncias exige dos brasileiros em precários e não padronizados sistemas é inconcebível. No judiciário, a fórceps, tudo virou digital. Uma infinidade de sistemas diferentes e sem padrão. Todos tem defeitos e muitas vezes tem “quedas” de sistema e tudo interrompido. Prove o interessado que não cumpriu prerrogativas porque o “sistema” estava fora do ar. Falhas na Secretaria da Fazenda de SC tem cancelado irregularmente o cadastro de contribuintes que simplesmente não podem mais emitir notas, remeter ou receber mercadorias, impondo-lhe a missão de encontrar meios de buscar a prova de sua existência fiscal. Servidores de plantão, no perfil próprio do pior estereótipo com má vontade e arrogância, simplesmente dizem que nada podem fazer, exceto de que somente cumprirão demandas extraordinárias se por ordem judicial! Puro terror! Como fica o prejuízo pela falta de faturamento, das contas atrasadas, dos clientes não atendidos, das mercadorias que se perdem ou não chegam, dos salários que não podem se pagos em dia, etc.?

 

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

A OAB assegura os direitos e garantias fundamentais do cidadão, a liberdade e o Estado Democrático. O segmento da sociedade civil mais relevante do país. A Ordem comemora neste mês 85 anos de conquistas para a classe que representa e para a sociedade brasileira. Afirmou Sobral Pinto: “A advocacia não é para covardes”. Nos anos de chumbo da ditadura militar, deu respaldo aos advogados que lutaram pelos direitos de seus mandatários. Defendeu com bravura a liberdade de imprensa, as eleições livres, as prerrogativas dos advogados. Enfrenta as mazelas mil, a burocracia cultural de um país kafkiano, a arrogância estúpida de algumas “excelências” convictas de sua expressão superior e divina, do sistema judiciário falho, lento e perdulário, ressalvadas honrosas exceções. A classe experimentou, no último dia 16, mais um magnífico processo democrático, elegendo seus dirigentes em seccionais e sub-seccionais na renovação de gestões para a representação de um universo extremamente diverso de valorosos profissionais, principalmente os jovens e iniciantes, a quem saúdo, depois de mais de três décadas no “métier”, com orgulho de incentivá-los, muitos deles, desde a academia.



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