Em reunião plenária da Facisc, apenas apresentações da situação prisional da região
Região - A aguardada reunião da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) em Mafra, realizada na quarta-feira à noite, não apresentou praticamente nenhuma novidade. Além da ausência do secretário de Segurança Pública, César Grubba, pouco a se destacar. A plenária foi direcionada ao que a região já sabe: quais são as prioridades para a área de Segurança Pública, principalmente a situação do Presídio Regional de Mafra, que, por estar superlotado, não está mais recebendo presos de outras cidades. Durante a reunião foi citada a possibilidade de se construir uma UPA - Unidade Prisional Avançada em São Bento do Sul, mas, conforme explanações feitas em outra reunião (realizada no dia 11, na Associação Empresarial de São Bento do Sul), verificou-se que o melhor mesmo seria construir um presídio.
Enquente no saite do Evolução, aliás, perguntou, até ontem, exatamente isso: "Você é a favor da construção de um presídio em São Bento?". Até a realização do protesto organizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) são-bentense, no dia 10, a maioria dos internautas se mostrava contrária. Ontem, no fechamento desta edição, porém, o resultado foi o seguinte: 68,4% dos participantes se mostravam favoráveis, contra 31,5% que não concordavam com a construção de um presídio.
O prefeito Magno Bollmann, de São Bento, reúne-se hoje, sexta-feira, com vereadores e com secretários municipais para discutir "ações práticas" relacionadas aos problemas existentes. Ele quer reunir uma pauta de reivindicações para entregar ao governador Raimundo Colombo, em encontro a ser realizado no final do mês. O prefeito Osni Schroeder, por sua vez, conversou com vereadores na quarta-feira.
ASSASSINO LIVRE
Na reunião da Acisbs, realizada na semana passada, a delegada regional de Polícia Civil, Angela Roesler, resumiu a situação crítica por que passa a região: está em liberdade, morando em São Bento do Sul, um homem que foi condenado a 21 anos de prisão por ter matado a esposa e a filha, em Itaiópolis. O promotor Max Zuffo, da 1ª Promotoria de Justiça de São Bento do Sul, comentou que todos os problemas atualmente já eram previstos pelas autoridades. "Se imaginava que aconteceria no médio prazo, mas aconteceu antes", comentou. Ele frisou que, em vez de uma UPA, "o mais adequado seria um presídio" para São Bento do Sul. Ele pediu união e força política para canalizar recursos para investimentos. "Se isso não acontecer, voltaremos aqui ano que vem discutir o mesmo assunto", provocou.
O juiz criminal da comarca de São Bento, Cesar Teserolli, comentou que o município "tem sentido fortemente os furtos em estabelecimentos comerciais", apresentando, também, a seguinte estatística: entre 35% e 45% dos presos acabam reincidindo no crime. Ele também frisou que a situação do Presídio Regional de Mafra "se repete em várias comarcas". Conforme Teserolli, "praticamente não existem vagas no Estado". O promotor Ricardo Viviani de Souza, da 3ª Promotoria de Justiça de São Bento, destacou que o Ministério Público entrou com ação contra o Estado, acatada pelo juiz Romano Enzweiler, definindo uma multa diária de R$ 50 mil por preso não recolhido. "É o documento supremo que poderíamos ter em mãos", disse.
ESTRUTURA
O major Fabiano Dias Perfeito, subcomandante da Polícia Militar são-bentense, destacou que as UPAs recentemente construídas em Santa Catarina já recebem mais presos do que a capacidade instalada. Major Fabiano frisou a importância de existir estrutura suficiente, em termos de equipamento, pessoal, etc, no caso da construção de um presídio. O subcomandante ainda destacou que a Polícia Militar "continua fazendo o seu trabalho" normalmente, mesmo que, após a detenção, a Justiça se veja obrigada a soltar os presos - justamente pela falta de vagas no sistema prisional.