Senhor Pedro Skiba: em primeiro lugar, parabenizo-o novamente pelo excelente conteúdo do jornal Evolução, apesar de sentir uma certa falta da coluna de minha grande amiga Crista (Grohskopf) na versão impressa, que acompanho agora na edição eletrônica. Em segundo, se me permite, gostaria de expor minha opinião sobre o que escreveu em sua coluna "Reticências", em Venenosas, na edição do dia 11 de março. A partir do 3º tópico até o 5º, o senhor discorreu acerca do atual Mr. Gay Brasil, título cujo detentor é um joinvilense, Eduardo Kanke. Às considerações, portanto. Esclarecendo: há também um concurso, de Miss Gay Brasil, disputado por transexuais, e se Kanke participasse deste, talvez justificasse a inserção do "a" entre parênteses após o pronome usado. No caso, não se trata de um conflito de identidade de gênero, e sim de uma das variantes da orientação sexual humana. Com certeza há muitos gays armariados em São Bento. Considerando o ódio e a intolerância a que estamos (sim, eu também) expostos, geralmente causado por dogmatismo religioso ou pura e simples ignorância, é justificável. Para piorar, vigora uma legislação retrógrada - o Novo Código Civil já nasceu velho e nos considera cidadãos de quinta categoria, com os mesmíssimos deveres que qualquer outro mas com vários direitos negados. Ainda mais numa cidade que é famosa por seu conservadorismo. Assim, como não há uma comunidade gay bem estruturada aqui, aqueles de nós que tem oportunidade zarpam para cidades com um povo mais friendly. Pessoalmente, eu não vejo por que me "expor", corresponder aos estereótipos de qualquer pessoa, faço o que eu bem entender, desde, é claro, que a legislação não proíba. Mas, assim como não sinto necessidade de superexposição, não tenho do que me envergonhar. O que faço, faço com outros adultos e de maneira consensual, o que é mais do que alguns sacerdotes de determinadas confissões religiosas podem dizer. Quanto às declarações no 5º tópico, estaria eu sendo muito hipócrita ao concordar com algo que foi escrito, pois existe um motivo para o símbolo-mor do movimento ser a bandeira arco-íris: ela abarca várias categorias, armariados e assumidos, gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais. As pessoas "deformadas" (palavra sua) podem ter um ou outro problema de identidade (daí os implantes de silicone), como quaisquer outras, mas não deixam de ser donas de seus corpos e de serem dignas de todo o respeito, enquanto contribuintes e seres humanos que são. O assunto poderia render um livro, porém deixo aí minha posição, agradecendo pela atenção e finalizando com votos de saúde, paz e felicidade a toda a sua família e equipe de redação! "São as pessoas diferentes que fazem a diferença no mundo" (Adágio).
Odirlei Dias
Segundanista do curso de Ciências Contábeis da Univille
Servidor Público do Município
São Bento do Sul/SC