São Paulo - O empresário sino-brasileiro Liu Ming Chung chegou à lista dos bilionários da revista “Forbes” em 2006 com uma fortuna estimada US$ 2,4 bilhões. Era o auge da empresa criada por ele e sua mulher. Na edição deste ano da revista, Liu voltou a “empobrecer” mais US$ 100 milhões em relação à lista dos bilionários do ano passado. Hoje, ele tem “só” US$ 1,6 bilhão. Como se considera brasileiro, uma vez que é naturalizado e tem passaporte brasileiro, Liu aparece na lista dos bilionários do Brasil na 26ª posição.
Aos 48 anos, Liu tem uma história recheada de idas-e-vindas e altos-e-baixos. Nascido em Taiwan, chegou com a família ao Brasil aos 13 anos. Viveu no bairro da Lapa em São Paulo e graduou-se em odontologia pela Universidade de Santo Amaro em 1983 (não conseguiu passar na USP). Aos 28 anos, já tnha mudado de profissão e vendia aço brasileiro para empresa na China. Conheceu sua mulher, Yan Cheung, e mudou-se para Hong Kong onde casou.
O casal emigrou em 1990 para os Estados Unidos, onde começou a trabalhar com papel reciclado. De volta à China, começou a importar sobras de papel para utilizar em suas máquinas de produção de papel, financiadas com juros baratos concedidos pelo governo chinês. Na medida em que as empresas chinesas e as multinacionais ali instaladas precisavam de embalagens para suas mercadorias vendidas "Made in China", a empresa foi crescendo rapidamente.
Em março de 2006, a Nine Dragons (nove dragões, em inglês), a empresa criada por eles, tornou-se uma das companhias mais valiosas do mundo, depois de uma fabulosa oferta inicial de ações que captou bilhões na Bolsa de Valores de Hong Kong. Foi o sucesso que colocou o casal nos holofotes.
No entanto, a abertura de capital revelou os problemas da companhia. E os investidores foram ficando desconfiados nos resultados apresentados pela Nine Dragons.
A empresa foi alvo constante de boatos de que poderia aplicar um calote, indicando a possibilidade de o grupo vir a pedir falência, o que não ocorreu. Com a crise financeira de 2008, a fonte de financiamentos secou e os problemas da empresa se agravaram, reduzindo o valor das ações da Nine Dragons na Bolsa de Valores.
Quando apareceram na “Forbes” na edição de 2006, a fortuna da família – que incluía um irmão de Yan Cheung – somava US$ 6,4 bilhões. Yan Cheung tornou-se a mulher mais rica da China, com US$ 3,6 bilhões. Na edição deste ano, a mulher do sino-brasileiro tem US$ 1,6 bilhão e ocupa a 45ª posição.