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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Do pó das estrelas

Sexta, 20 de fevereiro de 2015

 

Oito horas da noite e, contra todos os relatórios de segurança, caminho sozinho pelas ruas de Brasília, mais precisamente pela W3 Sul. O bom da escuridão é que não se enxerga o menor sinal da decadência na avenida. E o ruim é que, invariavelmente, tropeçamos ou caímos nos buracos ao longo de uma calçada que já estava lá há 50 anos.  Até por isso, é com muita cautela que caminho olhando para o céu, em busca da lua e das estrelas que estão mais vistosas do que o habitual. Em matéria de astronomia, sou de uma ignorância exemplar. Passei a vida toda me preocupando com as coisas da terra, mas de vez em quando eu ainda ergo a cabeça e me deixo ficar embasbacado, chegando sempre a conclusões como “que loucura tudo isso”. Também me impressiona que nenhuma das pessoas que encontro esteja fazendo o mesmo. Há quem caminhe com a cabeça abaixada, mexendo no celular, mas erguida jamais. Todos apenas seguem adiante, aproveitando ao máximo a luz que conseguem sob os anúncios luminosos – já dizia um luminar da música gaúcha que, quando o néon é bom, toda noite é noite de luar.

Há na W3 um restaurante italiano que ainda sobrevive por pura tradição. Diante dele, no estacionamento que divide as pistas, um senhor senta em um banquinho e lá deve permanecer a noite toda, vigiando meia dúzia de carros. Logo adiante há um cruzamento em que um homem faz malabarismo, mas já está tão escuro que ele não enxerga muita coisa e por isso um dos malabares cai no chão. Na parte menos iluminada da calçada, sentado diante de uma porta, um homem solitário e misterioso devora a sua marmita. Ainda há luz em um salão de beleza, mas apenas porque tiram coisas de lá e levam para dentro de um carro – talvez também estejam saindo da W3. Pessoas, pessoas que encontro enquanto caminho à noite em Brasília sob um céu que brilha. Talvez elas tenham vindo mesmo do pó das estrelas e não passem de restos de uma supernova. Mas aqui embaixo já não há, nessa genealogia, o menor alívio.

 

Pensando alto

- E concluindo a minha lista de esportes favoritos: 193) Tênis de areia. 194) Xadrez chinês. 195) Corrida de jegue. 196) Cuspe à distância. 197) MMA.

- E se em vez de colocarmos nas escadas rolantes um aviso para “deixar a esquerda livre” a gente colocasse um para “não ter tanta pressa”?

- Tirem suas próprias conclusões: “Em todas as redações onde trabalhei, acabei ganhando a reputação de quase esnobe, tal a minha resistência à exploração da miséria humana”. (Pedro Bial, “Crônicas de repórter”, 1996).

- Lendo os escritores russos, noto a facilidade que os personagens têm para corar e empalidecer. É a mesma facilidade que os personagens do Cervantes têm para desmaiar. Hoje em dia haverá ainda vergonha suficiente para tanto?

- “Ninguém precisa ser grande em nada, uma vez que cultive uma coisa bonita na vida”. (Drummond).

 

 
 
 
 

    



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