Florianópolis - Eram 21h30min de segunda-feira. Um casal morador do Parque São Jorge, Bairro de classe média alta de Florianópolis, vivia o drama de ser refém num assalto dentro de sua casa. – Hoje eu tô com vontade de matar. Perdeu, perdeu! – gritava um dos bandidos.
Os criminosos ameaçaram de morte as vítimas, deram chute no peito e soco no nariz. O assalto durou uma hora. O casal escapou com vida. A dupla fugiu levando o Toyota da família, de cor preta, dois notebooks, relógios, dinheiro, duas TVs, telefone celular, cartões bancários e óculos.
Um dos ladrões foi reconhecido por fotografias da polícia. É um adolescente de 17 anos com longa trajetória de crimes graves na Grande Florianópolis. E o pior: foi apreendido duas vezes, mas sempre ficou pouco tempo contido. Na primeira vez, foi beneficiado com a interdição do Centro Educacional São Lucas, em São José. Depois, ganhou de novo a liberdade porque a Justiça não conseguiu impor a medida socioeducativa a ele dentro dos 45 dias previstos pela legislação.
É a típica situação da frase “a polícia prende e a Justiça solta”. Na rua, o adolescente voltou a agir. Para os policiais que o prenderam e o procuram de novo, a condição em que o garoto está soa como deboche à polícia, Justiça e Ministério Público.
No roubo no Parque São Jorge, o adolescente e outro comparsa da mesma idade diziam que nada iria lhes acontecer pelo crime, pois tinham menos de 18 anos. Ele tem a certeza de impunidade mesmo com os antecedentes graves: o assassinato de um policial civil em São José, no ano passado, e o roubo a um supermercado em Florianópolis.
O adolescente também é investigado como o principal suspeito de ter matado a tiros o turista argentino Raúl Baldo, 48 anos, na Praia de Canasvieiras, em 4 de janeiro deste ano.
Mesmo assim, ele nunca ficou mais de um ano apreendido e por duas vezes saiu pela porta da frente das instituições para adolescentes infratores. Na última passagem, não chegou a ficar dois meses. Menos de uma semana depois voltou a assaltar.
Os policiais se perguntam: quem será a sua próxima vítima?
– Se não ficar internado, sabemos que, estando na rua, a qualquer momento ele vai matar de novo – alerta um investigador da Polícia Civil.
A caçada ao jovem assaltante e matador mobiliza duas delegacias (Homicídios e 5ª DP) e a Diretoria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública. (Fonte DC)