Não foi um jogo técnico, de lances maravilhosos. Ninguém também esperava isso de dois times conhecidos mais pela garra do que pela técnica. Balotelli decepcionou pela Azzurra e saiu no intervalo. A Itália chegou a ser melhor em alguns momentos, mas sentiu demais o cartão vermelho de Marchisio, após dar uma solada na canela de Arévalo Rios.
Empurrado pela torcida, maioria entre os 39.706 presentes, o Uruguai fez o de sempre, lutou pela bola foi incansável e, acredite, Suárez chegou a morder Chiellini em uma disputa de bola na área. O gol veio logo depois, aos 35, com Godín desviando de cabeça. A Celeste, classificada na segunda colocação, espera o fim da rodada para conhecer o adversário, que virá do Grupo C do Mundial. A Costa Rica empatou diante da Inglaterra e assegurou o primeiro lugar da chave.
Defesas levam vantagem e Balotelli perdido
É quase uma regra em Copas do Mundo: uma “ola” só começa nas arquibancadas se o jogo é muito ruim ou se o resultado está garantido. Com apenas 24 minutos, italianos, brasileiros e alguns uruguaios já prestavam mais atenção na hora de levantar da cadeira do que no decisivo confronto. Foi um primeiro tempo fraco, de poucas jogadas de ataque e amarrado. Nada menos que 24 faltas cometidas, número elevado para um Mundial.
Se é possível escolher um lado que conseguiu certa vantagem, foi o da Itália. Cesare Prandelli prometeu que não colocaria em campo um time defensivo para empatar e cumpriu. A pequena superioridade aconteceu pela melhor atuação dos meio-campistas. Pirlo foi bem marcado por Cavani, mas o garoto Verratti, que substituiu De Rossi, apareceu com qualidade na saída de bola e na marcação.
A Azzurra só não teve qualidade para atacar. Balotelli conseguiu ser pior do que contra a Costa Rica. Mais recuado pela presença de Immobile, cansou de trombar nos adversários e nada produzir. Ainda levou um cartão amarelo e poderia ter sido expulso ao desviar uma bola com a mão. O lance mais perigoso surgiu em uma cobrança de falta. Pirlo, claro, bateu com efeito. Muslera jogou para escanteio.
O Uruguai foi cauteloso até demais para quem precisava vencer. É verdade que Cavani se sacrificou novamente para marcar, mas foi displicente no ataque, quase desinteressado. Sobrou para Suárez correr e esbarrar na muralha formada por Barzagli, Bonucci e Chiellini. Quando fugiu dela, encontrou outra parede, Buffon, que pegou chutes seguidos dele e de Lodeiro.
Drama, expulsão e mordida no segundo tempo
O baixo rendimento dos times no primeiro tempo fez os treinadores mudarem. Prandelli trocou Balotelli por Parolo. Tabárez sacou Lodeiro para colocar Maxi Pereira. Funcionou? Bem pouco, mas capaz de tirar o Uruguai do marasmo, mesmo que fosse para reclamar. Cavani e Bonucci se enrolaram na área, com o italiano fazendo uma alavanca sobre o rival. Lance duvidoso, polêmico e ignorado pelo árbitro Marco Rodriguez, do México.
A bronca contra o juiz parece ter despertado a Celeste do sono profundo. Logo em seguida, Cristian Rodríguez recebeu linda bola de Suárez na esquerda, mas, de frente para Buffon, chutou torto. A animação sul-americana cresceu ainda mais na sequência. Marchisio cravou a chuteira na canela direita de Arévalo Rios e foi expulso sem mesmo ter recebido cartão amarelo.
A Itália, como esperado, se fechou toda na defesa num 5-3-1, deixando só Immobile avançado, e esperando a pressão adversária. O Uruguai se lançou ao ataque. Tabárez tirou Alvaro Pereira para a entrada de mais um jogador de frente, Stuani. O gol só não saiu graças a Buffon. Suárez teve aquelas chances cara a cara que cansou de marcar no Liverpool. Mas, desta vez, encontrou a mão direita do capitão da Azzurra. Um milagre!
Parecia improvável resistir. A vontade de vencer chegou ao limite quando Suárez mordeu o ombro de Chiellini na área, mas a arbitragem não viu. Nem Buffon seria capaz de suportar a “blitz”. Pelo alto, veio o gol, aos 35 minutos. Godín subiu mais que todos os defensores rivais, desviou no canto esquerdo do goleiro e colocou o Uruguai em vantagem.
A Itália ainda tentou responder no fim, mas não tinha pernas, não tinha time para buscar a vaga que deixou escorrer pelas mãos. Até Buffon foi para a área celeste em busca do gol, mas não conseguiram. O fantasma da Copa de 50 ainda está vivo no Brasil.