Velho não é trapo

Pedro Skiba: li sua coluna o texto "Velho não é trapo" e tenho que me manifestar totalmente a favor. Gostaria de fazer alguns comentário adicionais e fazer um pedido. Muitos acham que promover reunião de Terceira Idade com danças, caminhadas, excursão para um lugar qualquer, festinhas regadas a muito refrigerante e doce seja promover a felicidade deles. Não vejo ninguém se preocupando, que da mesma forma que existem diferentes grupos de pessoas em atividade no mercado de trabalho: a) há aquelas com mais atividade intelectual; e b) aquelas com mais atividades com característica laboral, em que o exercício de criação intelectual é menos demandado. O primeiro grupo tende a crescer naturalmente em uma economia mais madura - o esforço físico passa a ser substituído por conhecimento tecnológico. Mas basicamente podemos considerar que nesse grupo destacam-se os professores, que são chamados a inovar e ampliar seus conhecimentos, e o grupo de pesquisadores, em que me enquadro pela atividade desenvolvida na Embrapa. É lógico e natural que essas pessoas terão demandas diferentes quando ingressarem na Terceira Idade. Para mim, como para o professor que você usou como exemplo em seu artigo, aprender, atualizar, conhecer, participar é essencial para que se tenha uma vida digna. Também fui recusado em um curso, talvez o mesmo ao qual o professor se candidatou por ser idoso e não ter vínculo com empresa local. Pretendia aprender para buscar aplicar o novo conhecimento em uma atividade que possibilitasse um processo de inovação em meu amadurecimento na Terceira Idade, ou, como diz o Juca Chaves, na fase da vida de "semi novo". Creio que a sociedade deva entender essas diferenças e as formas de busca de realização contínua, mesmo para aqueles vistos como idosos. Alguns dirão que faltam recursos para aplicar nesse tipo de ação e o retorno seria muito pequeno. Na realidade, acredito que sobram recursos para esse fim. O orçamento municipal de 2010 mostra um saldo de não aplicado na rubrica de Assistência ao Idoso, de aproximadamente R$ 40 mil, de um total de R$ 102 mil, ou 0,06% do total do orçamento - ou seja, nada. O pedido que lhe faço é o nome e forma de contato com o professor usado como exemplo em seu artigo para buscar contato. Creio que poderemos iniciar a busca de um novo processo de uma Terceira Idade mais digna para um grupo de pessoas em que a busca de conhecimento é uma verdadeira terapia ocupacional. Creio que com um pouco de criatividade poderemos formar um pequeno grupo para promover inovações no sentido de uma vida mais digna.

Arnaldo José de Conto

São Bento do Sul/SC