Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 5º Domingo do Tempo da Quaresma, o Evangelho de João, mostra que a ressurreição de Lázaro é o último dos ‘sinais’ de Jesus, que revelam a glória do Filho. Depois virá a Paixão, que realiza o significado de toda a sua vida: Jesus é o Filho porque comunica a própria vida aos irmãos, e a comunica porque é Filho. No ‘sinal’ anterior, ele iluminara o cego; agora, nos liberta do nosso limite último. A ressurreição de Lázaro, de fato, abre os nossos olhos diante da morte, hipoteca que pesa sobre toda a nossa vida. Olhar a morte de frente é necessário para viver. Senão nossa vida vira uma fuga, forçada e inútil, daquilo que será nosso ponto de chegada absolutamente certo. Somos o único animal consciente de que nossa vida termina na morte. Sabemos que somos ‘seres para a morte’. Por isso, somos, por natureza, cultura e fazemos cultura. ‘Cultura’ no sentido que precisamos ‘cultivar’ a nossa natureza, adaptando-a a nossa condição para que ela possa satisfazer as nossas necessidades. A cultura é uma ‘máquina de imortalidade’. Todo o nosso saber e o nosso poder destinam-se a nos livrar da morte e a nos garantir mais vida. Se pensarmos em todos os feitos do homem ao longo da história, trata-se de uma máquina esplêndida e potente. Mas, se avaliarmos seu resultado diante da morte, vemos que se trata de uma máquina absurda e impotente. O homem não é capaz de vencer a morte, evitando o encontro inevitável. Então, procura adiá-la, removê-la, negá-la e interpretá-la. Salvar-se da morte é o desejo que dita todos os nossos movimentos neste jogo de xadrez que é a vida, mas sabemos, com antecedência, que todo o nosso esforço para livrar-nos da morte é inútil. Nos poucos ou muitos anos de nossa vida, ficamos na expectativa de que seja rompido o tênue fio que nos mantém suspenso sobre o vazio, para sermos lançados no nada, nós e nossos esforços. A existência, sob este ponto de vista, é uma condenação. A única liberdade que temos é a de sermos justiçados a qualquer momento, com a tortura de não sabermos quando! Jesus não nos salva da morte. Ele não pode fazer o impossível e é impossível ser salvo da morte: somos mortais. Se nos salvasse da morte, eliminaria aquele limite que é necessário para vivermos e, com ele, a dignidade de ser conscientes deste limite. Jesus, porém, nos dá a possibilidade de compreender a morte e de vivê-la de modo novo, divino. Todo nosso limite, inclusive o último, que é a morte, não é a negação de nós sermos, mas lugar de relação com os outros e com o Outro. Ao invés de nos fecharmos numa atitude de defesa ou de ataque, podemos abrir-nos à comunhão e realizar-nos como, que é amor. Jesus, com efeito, não dá uma receita para nos salvar da morte. Mas ele nos faz ver como se pode viver o amor até ao ponto de dar a vida. O ser humano não tem condições de segurar a vida. É como o respiro: se o segurarmos, morremos. Mas podemos gastá-la no egoísmo ou investi-la no amor: “aquele que ama a sua vida vai perdê-la e quem perder a sua vida, neste mundo, a guarda para a vida eterna”. A experiência universal conhece uma vida que é a vida para a morte; Jesus aponta para uma morte que é para a vida. Jesus, ao dar vida a Lázaro, será condenado à morte. Quem dá a vida recebe morte; mas, exatamente ao receber morte, dá vida. É o paradoxo da cruz, cada vez mais próxima de Jesus. A cruz exprime o clímax seja do mal que está no homem seja do bem que Deus nos quer. Manifesta a sua, ‘glória’, amor sem limite que assume todos os nossos limites.
07/04/14 – Seg: Dn 13,1-9.15-17.19-30.33-62 – Sl 22 – Jo 8,12-20
08/04/14 – Ter: Nm 21,4-9 – Sl 101 – Jo 8,21-30
09/04/14 – Qua: Dn 3,14-20.24.49a.91-92.95 – (Dn 3) – Jo 8,31-42
10/04/14 – Qui: Gn 17,3-9 – Sl 104 – Jo 8,51-59
11/04/14 – Sex: Jr 20,10-13 – Sl 17 – Jo 10,31-42
12/04/14 – Sáb: Ez 37,21-28 – (Jr 31) – Jo 11,45-5
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