O confronto entre estudantes e policiais na Federal trouxe a discussão para outros campi da universidade. Em Joinville, nos dois endereços em que estão instalados os cursos de engenharia (nas ruas Prudente de Morais e João Vogelsanger) há apenas uma equipe de vigilância desarmada. Em cada prédio, há um posto com vigilante.
O diretor-geral da UFSC em Joinville, professor Luís Fernando Peres Calil, defende que ao menos no período noturno haja vigilância armada, mas esta é uma negociação que ainda está sendo feita. Quando a UFSC for para o prédio do antigo Shopping América – o que deve ocorrer neste semestre ainda –, este também terá um posto de vigilância privada.
E quando o campus Norte da UFSC ficar pronto na Curva do Arroz – previsão para 2016 –, o reitor vai sugerir que a equipe de segurança seja gerida por servidores federais que atuam em Joinville e não em Florianópolis, como acontece hoje.
Calil acrescentou, ainda, que a Federal aguarda a lei que cria a polícia universitária. Mas, até lá, a UFSC conta com a Polícia Federal.
— Como é uma área federal, qualquer intervenção aqui deve ser feita pela Polícia Federal. Se houver algum crime, é a Polícia Federal que irá investigar — reforçou Calil.
O tenente-coronel do 8º Batalhão de Polícia Militar de Joinville, Adilson Moreira, reforçou que a PM só poderia agir dentro do campus para atender a ocorrências de roubo ou furto, por exemplo, se for chamada.
Sobre o tumulto, o professor Calil lamentou tanto a ocorrência por parte dos alunos quanto os excessos da polícia.
— A universidade é um ambiente onde a gente estimula a crítica e a autocrítica. O uso de drogas deve ser banido, sim, mas sem excesso de força — concluiu.
Um repúdio ao ato violento, por Fernando Cesar Sossai*
Não poderia deixar de expressar, aqui, a minha indignação e repúdio em relação à ação violenta promovida pela Polícia Federal contra estudantes, funcionários e professores da UFSC.
Em um ano no qual a sociedade brasileira vem construindo um intenso debate sobre os 50 anos do golpe que implantou a ditadura militar no País (1964-1985), precisamos estar atentos e nos posicionar de maneira combativa ante estratégias policiais que ainda se valem da coerção física, da truculência, para garantirem supostas necessidades sociais.
Num país de democracia recente, não esqueçamos que a Constituição e o desenvolvimento de mecanismos de vigilância, controle e punição de pessoas ligadas e/ou responsáveis pela elaboração de críticas ao social e suas formas de governo foram um dos procedimentos mais caros aos ditadores que acometeram o exercício de nossas liberdades.
O ilícito merece intervenção, por Pastor Tito Lívio Lermen*
Chamada a Polícia Militar para intervir no espaço público (escola e universidades nele se situam), não lhe restava outra alternativa a não ser de coibir o tráfico de droga ilícita (no caso, maconha), precipuamente, em uma área educacional. Se as regras são postas para todos, todos têm o dever de cumpri-las.
A atitude ilícita como a que ocorreu merecia uma intervenção de quem detém a autoridade legítima para tanto. Certamente, o próprio estatuto da universidade, em alguma cláusula, faz alusão ao tratamento que deve ser dado a um fato como o mencionado.
O que a distância me assusta pela repercussão dada ao episódio é que tudo é permitido. E não é. No espaço privado, se for o desejo, cada um tem o direito de fazer com a sua vida o que achar melhor. Somos livres para tanto. No espaço público, porém, existem limites e regras que precisamos cumprir. E são conhecidas de todos.