Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)
Advogado
Filósofo
Jornalista (DRT 3792/SC)
A Nasa conseguiu prever a passagem de um meteoro tirando fina do nosso planeta em 2028. Os estudiosos creem que em 2028 ele vai fazer um risco no céu, mas não vai nos atingir. Mas, na elíptica seguinte, em 2036, o choque será inevitável, se nada for feito. Trata-se de um meteoro de 10 quilômetros de diâmetro, pesando milhões de toneladas. Mais ou menos do mesmo tamanho do meteoro que gerou o efeito extinção K-T, que varreu milhares espécies do planeta, dentre elas os famosos dinossauros. Se nada fizermos corremos o risco de deixarmos de ser a espécie dominante do planeta e até mesmo corremos o risco de sucumbir. E aí a produção cinematográfica Armagedom se torna realidade. Porque o sistema de inteligência dos países ricos já está se organizando para contornar o problema. A primeira idéia foi a do filme: ir até o meteoro, instalar uma sonda e colocar uma superbomba bem no centro do bloco. A segunda idéia foi destruí-lo com várias ogivas nucleares. Tanto a primeira quanto a segunda solução geram um problema secundário: fragmentos do tamanho até de uma bola de futebol iriam fulminar a superfície do planeta destruindo tudo o que estivesse embaixo. Aí um cientista octogenário teve a terceira e mais bem aceita idéia: acoplar vários foguetes ao meteoro e exorbitar sua trajetória. Como se vê o homem é responsável pelo seu próprio destino. Deus nos deu um meteoro de brinde e, de antemão, a inteligência para nos garantir enquanto espécie. Não tenho a menor dúvida de que os dinossauros além de fortes eram inteligentes. Mas não basta ser inteligente, é preciso produzir tecnologia. A inteligência de uma espécie se mede pelo seu grau de complexificação tecnológica. O homo sapiens sapiens foi um modelo bem sucedido engendrado pela evolução biológica. Não nego Deus apesar de ser evolucionista. A evolução foi querida por Deus. O filósofo alemão Georg Hegel define Deus como o Eu Absoluto em evolução constante através dos processos dialéticos. E nós somos imagem e semelhança de Deus. João Paulo II referiu-se sobre o darwinismo da seguinte forma: “a teoria da evolução é mais do que uma teoria”. Ora, se a sua consciência científica e filosófica é mais involuída do que a do falecido papa, você, então, irá ganhar de quem? O humanismo é uma teodiceia, é uma forma de engrandecer ao próprio Deus, se o homem é grande, muito maior é seu autor. Pouco importando se o autor da vida inflou sopro num boneco de barro, ou, como quero crer, instilou variabilidade evolutiva nos aminoácidos dos oceanos primitivos. Se o homem pode fazer porcelana com argila, o que Deus não fará com carbono? A filosofia é a prova visível de que a Revelação judaico-cristã é apenas uma das formas de conhecer a Deus, embora não seja a única, ainda que se trate da melhor forma. Marx dizia que um problema só aparece quando já amadureceram todas as circunstâncias para resolvê-lo. Embora a grande lição da teologia é que não podemos querer ser autossuficientes, o próprio Deus, através do nosso cotidiano, nos aponta o dedo para as nossas responsabilidades. Quem negligencia semeia problemas para o futuro. Quem se organiza, trabalha e estuda se impressiona com as próprias oportunidades que deu a si mesmo. Deus não gosta nem de orgulhosos e nem de medíocres, mas o pecado destes últimos é muito maior do que o pecado dos anteriores. O que fez vingar os talentos recebeu ainda mais, porém, aquele que guardou seu talento até o pouco que tinha lhe foi tirado. Se alguma coisa do que escrevi aqui está errado, que seja pelas razões apontadas por Martin Heidegger, o qual falou dos seus conterrâneos: “O alemão às vezes erra grande porque pensa grande”.