02/03/14 Dom: Is 49,14-15 – Sl 61 – 1Cor 4,1-5 – Mt 6,24-34

Neste 8º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus, traz o estribilho: “não vos preocupeis”, verbo que Jesus repete seis vezes. Receber a vida das mãos do Pai e colocá-la confiantemente nas suas mãos significa libertar-se e ser livre da preocupação. É o Pai que garante a manutenção da vida: ele a dá, ele a sustenta. Quando correspondemos isso, a ância pela pre-vidência cede lugar para a confiança na pro-vidência! Jesus não ensina que não devemos trabalhar. Seria atacar a própria condição humana, que dele necessita como do ar, da água, do pão. Mas ensina a não fazer do trabalho o ídolo que tudo quer e tudo consome. O prático são Jerônimo diz que, “o trabalho é para ser feito, a preocupação é para ser desfeita”! Num plano mais amplo, Santo Inácio de Loyola dizia que “devemos agir como se tudo dependesse de nós, sabendo, porém, que tudo depende de Deus”! Essa atitude desmonta a ansiedade, tudo depende de Deus! E desata as nossas capacidades, tudo depende de nós! O fato de que tudo depende de Deus não é álibi para o empenho, o trabalho, a ocupação, mas é antídoto contra a ansiedade, a busca de todos os ISOs, a preocupação. O trabalho é uma exigência antropológica: nasce do estado carencial do ser humano, que, diferentemente dos animais, não encontra tudo pronto na natureza, mas tudo deve transformar para adequar à sua natureza. Só o ser humano tem que transformar a ‘natura’ em ‘cultura’ para sobreviver na primeira e viver na segunda. Mas não deve fazer das suas necessidades o seu absoluto. Sua própria natureza pede que ele satisfaça suas necessidades como filho de Deus, colaborando com o Pai e partilhando com os irmãos. O trabalho e todas as demais atividades do ser humano tornam-se, mais o que coloca em comunhão com Deus e com os outros. ‘Pre-ocupar’ é um ocupar-se antes. ‘Pre-ocupar’ é um ocupar-se além de. ‘Pre-ocupar-se’ é um ocupar-se sem eira nem beira. Com efeito, a preocupação rouba energias úteis à ocupação e, radicalmente, rouba a vida ao invés de conservá-la e construí-la. A preocupação toma conta de nós quando o meio se torna fim e, portanto, se erra o alvo. Dessa maneira, ao invés de servir-nos, escraviza; ao invés de comunicar-nos a vida filial e fraterna, nos rompe as artérias, duras como o coração. A vida não tem muitas escolhas: ou aposta em Deus, que tudo dá; ou no ídolo, que tudo exige e tudo toma. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo”. As palavras de Jesus não podem ser mais claras. A primeira coisa que nós, seus discípulos missionários, temos que buscar é “o Reino de Deus e sua justiça”. O restante vem depois. Nós cristãos de hoje, vivemos focados em construir um mundo mais humano tal como Deus o quer ou estamos gastando nossas energias em coisas secundárias e acidentais? Não é uma pergunta entre outras. É decisivo saber se estamos sendo fiéis ao objetivo prioritário estabelecido por Jesus ou se estamos desenvolvendo uma religiosidade que nos está desviando da paixão que ele carregava em seu coração. Será que não temos que corrigir a direção e centrar nosso cristianismo com mais fidelidade no projeto do Reino de Deus? A atitude de Jesus é absolutamente clara. Basta ler os evangelhos. Ao mesmo tempo em que vive em meio ao povo trabalhando por uma Galileia mais sã, mais justa e fraterna, mais atenta aos últimos e mais acolhedora dos excluídos, não vacila em criar uma religião que observa o sábado e cuida do culto, enquanto esquece que Deus quer misericórdia e não sacrifícios.       

03/03/14 – Seg: 1Pd 1,3-9 – Sl 110 – Mc 10,17-27

04/03/14 – Ter: 1Pd 1,10-16 – Sl 97 – Mc 10,28-31

05/03/14 – Qua: Jl 2,12-18 – Sl 50 – 2Cor 5,20-6,2 – Mt 6,1-6.16-18

06/03/14 – Qui: Dt 30,15-20 – Sl 1 – Lc 9,22-25

07/03/14 – Sex: Is 58,1-9a – Sl 50 – Mt 9,14-15

08/03/14 – Sáb: Is 58, 9b-14 – Sl 85 – Lc 5,27-32

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