Desafio foi lançado pelo presidente da entidade, Glauco José Côrte, durante Workshop Internacional de Educação, em Florianópolis
Florianópolis -Transformar Santa Catarina na Finlândia brasileira na educação. Este foi o desafio lançado pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, durante a abertura do primeiro Workshop Internacional de Educação, promovido pelo Movimento A Indústria pela Educação, liderado pela instituição. "Quem sabe podemos assumir o compromisso de fazer de Santa Catarina a Finlândia brasileira", declarou, propondo a meta para as entidades da FIESC, governos estadual e municipais e a sociedade. O encontro reuniu 200 líderes empresariais na sede da Federação, em Florianópolis, nesta quinta-feira (17).
Côrte falou aos participantes do evento que a qualidade da educação é a chave para a produtividade. "A incorporação de novas tecnologias no processo produtivo requer trabalhadores capazes de aprender e desenvolver novas técnicas. Sem educação não há inovação. O Brasil tem ampliado seus investimentos em educação e praticamente concluiu o processo da universalização da educação fundamental", enfatizou. Contudo, observou que é necessário avançar na qualidade e no ensino profissionalizante.
Durante o encontro, a diretora de treinamento na Universidade Hämeenlinna de Ciências Aplicada da Finlândia, Seija Mahlamäki-Kultanen, apresentou o modelo educacional daquele País. Líder no ranking Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês), a Finlândia migrou de uma educação orientada ao bacharelismo para um modelo de educação por competências, baseado na solução de problemas reais, no qual os estudantes secundaristas podem realizar cursos profissionais.
Falando no primeiro painel do evento, que tratou dos desafios da qualidade da educação, Seija foi categórica ao defender que a aproximação com o mercado de trabalho foi o ponto forte da mudança na qualidade da educação de seu país. Citou como exemplo, que no ensino secundário, quando podem optar pela profissionalização, estudantes de um curso de cabeleireiro aprendem fundamentos de química aplicados à sua profissão. "Os alunos desenvolvem práticas e assim têm um aprendizado para toda a vida", disse.
A mensagem foi reforçada pela pesquisadora do Banco Interamericano de Desenvolvimento Marina Bassi, que, no mesmo painel, apresentou pesquisa realizada pelo BID em vários países da América Latina. (Leia mais)
Já no segundo painel do evento, que abordou A Educação para o Mundo do Trabalho, o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, endossou o discurso de Côrte ao destacar que a indústria moderna tem inúmeras exigências para manter a qualidade, a competitividade e a produtividade. "Há uma exigência que resume tudo isso: o setor precisa de trabalhadores que saibam criar. Talvez, esta seja a tarefa mais urgente para o Brasil de hoje, que tem a produtividade estagnada há mais de 30 anos", afirmou Pastore.
Os dados foram confirmados por Markus Frank, da consultoria McKinsey & Company, que apresentou o estudo Education to employment: Designing a system that works (Educação para o trabalho: desenhando um sistema que funcione). De acordo com a pesquisa, o Brasil vai precisar de 7 milhões de profissionais de nível técnico até 2015 para atender a demanda do mundo do trabalho. (Leia mais)
Além do evento, a FIESC promoveu nesta quinta-feira (17) o segundo encontro do Conselho de Governança do Movimento A Indústria pela Educação, que debateu os planos de educação nas esferas nacional, estadual e municipal.