41% das indústrias sentem a disputa com o país, mostra Fiesc
Florianópolis - A Sondagem Especial China-Santa Catarina, realizada pela Federação das Indústrias (Fiesc) e divulgada ontem, quinta-feira, mostra que 41% das indústrias do Estado enfrentam concorrência de produtos chineses no Brasil e que, desse grupo, quase um terço (29%) perdeu participação de mercado. A disputa no exterior é ainda mais forte e, segundo o levantamento com 103 empresas de grande, médio e pequeno portes, 63% das exportadoras precisam disputar espaço no exterior com os produtos feitos naquele país.
Mas o levantamento também mostra que a indústria está atenta às oportunidades do atual cenário de câmbio favorável à importação e procura compensar esse acirramento na concorrência. Conforme a sondagem, 30% das empresas estão importando matérias-primas da China e 17% importam produtos acabados, mesmo percentual que está trazendo máquinas e equipamentos. "O fator China precisa ser considerado no planejamento estratégico de qualquer empresa, independentemente do seu porte. O levantamento mostra que as indústrias catarinenses estão atentas, pois 59% das empresas pesquisadas responderam que já definiram estratégia para enfrentar a concorrência chinesa", diz o diretor de relações industriais e institucionais da Fiesc, Henry Quaresma.
TRANSFERÊNCIA
A preocupação, contudo, é com a possibilidade de haver um crescimento da transferência de produção para fora do país no longo prazo, tendência agravada pelo câmbio e pelos altos custos de produzir no Brasil. O estudo mostrou que 5% das indústrias catarinenses pretendem terceirizar parte de sua produção com empresas chinesas. Por isso a Fiesc fará no dia 24 o seminário Riscos da Desindustria-lização, que vai ter entre os painelistas Flávio Castelo Branco, economista da CNI, André Luiz Sacconato, da Tendências Consultoria Integrada, e José Augusto de Castro, da USP/Fipe-SP.
"O tema é controverso e não há consenso. O agravamento dessa situação depende muito mais da macroeconomia e do cenário internacional do que das estratégias adotadas pelas empresas, que precisam se adaptar à conjuntura buscando a sua perenidade. Daí a importância do debate", diz Quaresma. Entre as estratégias adotadas pelas indústrias catarinenses para enfrentar a concorrência chinesa estão os esforços para reduzir custos e elevar a produtividade (resposta de 31% das empresas pesquisadas), investimento em qualidade e design dos produtos (30%), diferenciação de marca, imagem e marketing (26%), lançamento de novos produtos (17%), parcerias com empresas chinesas (13%) e redução de preços e/ou lucratividade (9,3%).