Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)
Advogado
Filósofo
Jornalista (DRT 3792/SC)
Nos evangelhos e no Novo Testamento o termo amor aparece diversas vezes. Importante salientar que, embora na Bíblia as Epístolas apareçam depois dos evangelhos, elas foram escritas e conhecidas pela comunidade cristã antes da redação oficial dos quatro evangelhos canônicos. No grego, língua mais usada no Novo Testamento, além de alguns excertos em aramaico, aparecem os termos ágape, eros e filia. O aramaico era o idioma que Jesus usava para conversar com os discípulos. O aramaico era usado dentro de casa na família, já no comércio e nas ciências, o grego; na Sinagoga e na teologia, o hebraico. Enfim, voltemos: ágape foi o amor com que Cristo nos amou. É o amor aos inimigos. É ministrar alimentos e favores a quem nos é desagradável ainda que internamente a vontade é de fazer bem o oposto disto. O eros é o amor sexual, a atração entre os sexos. E filia é o amor entre amigos. Aristóteles diria que "a amizade é a mais elevada de todas as virtudes morais". Deus que enviou seu Filho Unigênito escolheu que este seu filho nos amasse com o amor ágape. Mas o amor de Deus Pai é muito mais perfeito que o amor ágape, eros e filia, é uma quarta forma de amor. É uma forma de amor que nós humanos sequer conseguimos definir ou ter vaga noção. Em Êxodo, capítulo 14, está escrito que "endurecerei o coração do Faraó e dos egípcios". Ou seja, o povo hebreu que tinha o Mar Vermelho diante de si e o exército egípcio com seiscentos carros atrás de si e Iaweh ou Jeová ainda lhe diz "endurecerei o coração dos seus inimigos"!!! É que o destino dos egípcios estava definido: foram tragados pelas águas do mar e no dia seguinte a orla litorânea estava repleta dos cadáveres deles. Em algum lugar do livro de Provérbios está escrito que "o ferro com ferro se afia". Ou seja, se nós temos uma personalidade tenaz, tenazes serão as circunstâncias nas quais Deus há de nos submeter. O peso de nossa cruz é proporcional à nossa força. Se a cruz é pesada é porque somos fortes e Deus não nos dá cruzes mais pesadas que possamos carregar. A nossa visão é limitada, não vejo as milhões de fibras lignino-celulóticas que compõem esta página de jornal e nem vejo as galáxias mais distantes a olho nu. A nossa compreensão é igualmente limitada. Muitas das situações na vida pelas quais passamos não nos fazem sentido e parecem ser o quadro fiel do absurdo, mas Deus conhece os seus próprios propósitos. A provação tem múltiplas finalidades, é uma poção medicamentosa policresta. Deus perquire nossas limitações e coloca ao nosso lado as pessoas certas que exigem de nós o desenvolvimento de certas habilidades. Quanto mais próximos ficamos de Deus maiores são os desafios. Muitas vezes Deus nos prova para ter um pretexto para nos dar uma graça e uma grande bênção em nossa vida. Ele, sabedor que venceremos a batalha, nos coloca em circunstâncias embaraçosas, contando que daremos conta do recado, não o decepcionaremos e, então, Ele faz o que desde o princípio quereria fazer, nos premia, como se tivéssemos algum mérito, mas o mérito é todo d'Ele. "A porta e o caminho que conduzem à salvação são apertados, bem pavimentada é a estrada que conduz à perdição" (Evangelhos). Se a sua vida está difícil, fique tranquilo, vai piorar. Isto apenas sinaliza que você é uma pessoa muito especial para Deus e quanto mais você pelejar sem esmorecer, mais parecido com o semblante de Deus você vai ficar. Nós humanos somos imediatistas e só vemos a dificuldades dos meios, mas o reino dos fins compete somente a Deus. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida, quem me segue não andará nas trevas mas terá a luz eterna" (Jesus Cristo). Uma semana abençoada.