Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)
Advogado
Filósofo
Jornalista (DRT 3792/SC)
Nos dias 20, 21 e 22 de janeiro ocorreu em Brasília o Congresso Nacional das Rádios Comunitárias. Tive a grata satisfação de estar presente. O Congresso das Rádios tinha a cara da Assembleia Constituinte Francesa da época da Revolução Luminosa. Embora tivéssemos em mão os estatutos da Abraço Nacional, as regras eram criadas ali mesmo no calor do debate e havia interação total entre a plenária e os delegados do auditório, que também tinham poder deliberativo. Em razão da falta de articulação dos descontentes foi inscrita chapa única eleita por aclamação - que tem como presidente José Sóter. Muitos são os problemas e muitas são as propostas. Como disse o maior representante de São Bento do Sul, "o nosso inimigo se chama Executivo Federal, Ministério das Comunicações e Anatel". Este mesmo senhor criticou a ideia bastante ventilada no Congresso de o governo federal ser o mantenedor de todas as rádios comunitárias do país. A presidente Dilma ficou perturbada com as estatísticas e não gostou da constatação de as rádios comunitárias terem exponencialmente muito mais processos que as rádios comerciais. Em função disso um importante secretário do ministério de segundo escalão que ocupava uma secretaria-chave na área fiscalizatória foi demitido. Louvado seja Deus. O descontentamento era generalizado por conta da perseguição dos entes estatais. Ficou combinado que se dentro de 90 dias - a contar do término do congresso - não houvesse mudança no modo de tratamento articularíamos um movimento nacional de crítica e oposição aos poderes constituídos. Dentre todas as propostas foi a melhor que eu vi. Muito lamentável foi o fato de o ministro das Comunicações, apesar de devidamente convidado, não ter dado as caras no congresso. Será que se a Rede Globo tivesse promovido um evento ele também não teria ido? Pois vamos ver se somente a Rede Globo faz jornalismo e notícia neste país. Leonel Brizola costumava dizer: "Eu não preciso mais do que um microfone para vencer meus inimigos". Conquanto eu não tenha tamanha facilidade na tribuna, atrevo-me a dizer que a caneta em minha mão é uma espada afiada como uma navalha e o computador em minhas mãos é um laboratório de produzir novos mundos. O interesse das rádios comunitárias não é apenas o interesse dos membros da diretoria das Rádios Comunitárias, é o interesse do próprio povo. Vamos abrir o espaço e disponibilizar o microfone para o povo. Para nós, das rádios, o povo não é apenas um receptáculo de informações, o povo é sujeito da história, é um conjunto de pessoas cheias de aspirações, sonhos e esperanças com direito a ser ouvido, respeitado e amado. Chega de fazer nas nações massa de manobra, isto depõe contra a sua preciosa dignidade, o povo é sujeito e artífice de sua própria história, é agente de mudança sobre a realidade. Está na hora de a maioria ser respeitada, sim, a maioria. Porque o que se vê até hoje são grupinhos extremamente articulados movendo montanhas. Precisamos começar a dar as cartas de nossa própria vida, precisamos retomar as rédeas de nosso próprio destino e nesta empreitada as rádios comunitárias são parceiras. Se a democracia é o objetivo perseguido então o modo para chegar até lá é a comunicação e de comunicação as rádios comunitárias entendem por demais. A burguesia é contra as rádios comunitárias, setores do governo federal que estão lá dentro em virtude de alianças partidárias em nome da governabilidade são contra as rádios comunitárias. Todas as alas conservadoras da sociedade são contra as rádios comunitárias. Eu, entretanto, sou a favor, porque sou alinhavado com uma filosofia da libertação, com as instituições democráticas, tenho compromisso com a comunidade e tenho sentimento de pertença a São Bento do Sul. Posicione-se! "Os mornos eu vomito" (Jesus).