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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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EM SÃO PAULO

Segunda, 07 de fevereiro de 2011

São Paulo andou fazendo aniversário mês passado. Eu conheço São Paulo como a mim mesmo - o que é uma maneira suave de dizer que não conheço nada. Já caminhei pela Avenida Paulista, mas nem por isso a conheço melhor. Já andei de metrô, já vi o rio Tietê (era melhor não ter visto), o antigo Carandiru e o estádio da Portuguesa. Cruzei a Ipiranga com a São João sem que absolutamente nada acontecesse no meu coração. Estive na frente do Museu de Artes e não tinha dinheiro para entrar.

No final de ano, conheci o Aeroporto de Congonhas - e o pessoal da companhia aérea foi muito gentil se esforçando para que eu conhecesse realmente bem o aeroporto, razão pela qual meu voo foi atrasado em quatro horas. Nada disso, no entanto, é mais marcante em São Paulo do que o homem da rodoviária. O velho homem da rodoviária.

A gratidão
Uma rodoviária é o lugar ideal para encontrar pessoas que nunca mais vamos ver. Há gente de todos os lugares, querendo ir para todos os cantos, e por motivos que ninguém quer saber. Em São Paulo, você olha ao longe e não vê o fim das plataformas de embarque. O melhor a fazer é soltar as malas e sentar, observando de que maneira o caos se organiza.

Eu estava nessa posição quando um senhor se aproximou com o seu comprovante de embarque e uma caneta. Perguntou se eu achava que precisava assinar aqueles papéis. “Precisa, precisa sim, ainda mais hoje em dia, quando a palavra vale tão pouco. Se o senhor falar que se chama João, ninguém acredita, mas se estiver no papel, você está salvo”.

O homem então perguntou se eu não poderia preencher o bilhete pra ele. Concordei e ele me emprestou a sua caneta. Perguntei seu nome completo e escrevi. Mas não bastava um nome, era preciso alguns números, as pessoas estão sempre querendo saber alguns números. Mostrou-me então a sua Carteira de Identidade. Copiei e devolvi o seu bilhete. 

Pude perceber que aquele homem sabia ler e escrever. Mas, naturalmente, os comprovantes de embarque não são escritos em português, e sim na linguagem fria e técnica das pessoas esclarecidas. Certamente o bilhete está cheio pegadinhas e coisas incompreensíveis para quem não tiver o superior completo. A reforma ortográfica não previu esses casos.

O homem agradeceu - exageradamente. E antes que eu pudesse pensar alguma coisa, tirou R$ 5,00 da carteira e quis me entregar. Recusei. Ele então jogou o dinheiro em cima das minhas malas e saiu apressado, subindo no seu ônibus, que já estava estacionado. E eu fiquei ali, sentado, olhando e pensando coisas que se pensa numa rodoviária de São Paulo.

São Paulo e São Bento
Além de dividirem o mesmo céu, São Paulo e São Bento têm mais coisas em comum. Os primeiros brasileiros da cidade eram descendentes dos primeiros paulistanos, que há três séculos vinham descendo o mapa do Brasil até chegar em São Bento. Por aqui ajudaram a fazer nossa história, mas a maioria gostava mesmo era de andar, e logo foram para o oeste.

Esses sobrenomes nacionais antigos, como Fragoso, Cubas e Vidal Teixeira, estão entre os que ficaram, todos repletos de antepassados paulistanos na origem - e todos sugerindo mais uma vez que, no fundo, o Brasil é uma coisa só.

Saudações paulistanas! 



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