CELESC: A AMEAÇA DA CONCESSÃO DEPENDE DE AÇÕES DA NOVA ADMINISTRAÇÃO

Floiranópolis - O futuro da Celesc, a obtenção de revisão tarifária em 2012 e, sobretudo, a renovação da concessão em 2015 pela Agência Nacional de Energia Elétrica dependem exclusivamente das novas ações da empresa.  Se as despesas com a folha de pessoal continuarem sendo quase o dobro dos parâmetros da Aneel, correrá  risco de perder a concessão.  O alerta já foi dado.  Se não reduzir os custos operacionais, a ameaça permanecerá. 

               A nova diretoria demonstrou  consciência dessa fragilidade na primeira reunião do Conselho de Administração.  A tranquilidade com que as deliberações foram aprovadas e as negociações já concluídas indicaram que “a Celesc está entrando nos trilhos”.  

              Entre as  novidades o “acerto de contas” com o governo estadual.  Uma dívida de  36 milhões de reais que vinha desde 1988 e se arrastou inexplicavelmente pelos últimos 22 anos foi finalmente negociada.  O presidente do Conselho,Derly Anunciação, o presidente executivo Antônio Gavazzoni e o conselheiro Pedro Bittencourt acertaram com o secretário da Fazenda,Ubiratan Rezende, a liquidação do débito.  O governo sacou do caixa da Celesc há 22 anos e ficou de pagar com dividendos, que deveriam ser retidos. Nunca houve retenção. Acionista majoritário, os governadores fizeram e desfizeram durante décadas.

            Outra pendência da Casan, que após várias operações virou dívida da SC-Parcerias, no valor de 70 milhões de reais, também foi negociada. Será o débito pago em parcelas mensais de seis milhões de reais. 

             Problema que permanecia sem solução há anos, a inadimplência dos grandes consumidores passou a merecer atenção da nova Diretoria.  A Brasil Telecom, por exemplo,  tinha uma conta aberta de 54 milhões de reais, pelo uso dos postes da estatal.  No ano passado não pagou nada. Agora, acertou  para zerar tudo em dois meses.

             Gestão          

             Investida produtiva aconteceu também numa notificação da Receita Federal, que poderia representar despesas de 50 milhões de reais.  A empresa estudou o processo, contratou auditoria, municiou a consultoria e mostrou que o débito era improcedente.  Zerou.

            Quer dizer:  em menos de um mês de gestão, a nova Diretoria já viabilizou créditos de mais de 200 milhões de reais.

            Outra providência anunciada:  a adoção do orçamento real, com investimentos este ano de 275 milhões de reais na manutenção e ampliação das  redes de distribuição. 

            Os novos gestores chegaram no comando da empresa com larga experiência na Secretaria da Fazenda.  Estão adotando novos métodos de gestão.  Mas  constatam que há problemas mais graves que precisam ser enfrentados para eliminar riscos futuros.

            Há três anos, por exemplo, a Aneel negou revisão tarifária à Celesc porque a estatal estava fora dos parâmetros mínimos da agência.  Resultado:  a Celesc teve perdas de 9% na receita. 

             A próxima revisão está prevista para 2012, bem antes da renovação da concessão, marcada para 15 de julho de 2015.  O risco é real.   A Aneel já determinou que os custos com pessoal não ultrapassem a 300 milhões de reais por ano.  A folha da Celesc ultrapassa em 230 milhões de reais, segundo um conselheiro. Portanto, quase o dobro. 

             Os  estudos indicam que “há gente sobrando e gente faltando”.   Consenso entre conselheiros:  um choque de gestão.   Os caminhos são conhecidos: maior controle de custos de operação, cobrança dos maiores inadimplentes e maior eficiência.

             O conselheiro Lirio Parisotto, maior acionista minoritário, festejou as medidas adotadas, classificando-as  de “históricas”.