Pedro Alberto Skiba (Reticências)
Diretor do Jornal Evolução
Conselheiro da Ordem dos Jornalistas do Brasil
Patrono da Associação Catarinense de Colunistas Sociais (ACCS)
Membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi)
Vice-presidente do Conselho Deliberativo da Federação Brasileira de Colunistas Sociais (Febracos)
Diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet/SC)
Consul do Poetas del Mundo
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Parte 1
É sempre bom quando alguém reclama e põe a cara para bater, e nós ficamos como avestruzes com a cabeça enfiada embaixo da terra. Não aparecemos, não nos expomos, não nos "queimamos", não nos envolvemos. É sempre assim. É muito bom quando existe um bobão metido a besta que sai berrando e reclamando em nosso nome. Se der certo, tudo bem. Se não der, também não faz diferença. Parece que somos daquela turma do "salve-se quem puder" e "que cada um cuide do seu". Afinal, quem tem, preserva e tem medo. O que queremos para nossa cidade, se é que queremos? Sempre acreditei que entidades de classe, associações, sindicatos, clubes de serviço e tudo que reunir um grupo de pessoas fossem para prestar serviço em nome da coletividade. Nada de personalizar a entidade. "Ah! Isso foi coisa do presidente Fulano". Que avaliação errada e provinciana. Até parece que é por este motivo que todo mundo foge das presidências como o "diabo" da cruz. Não se vê mais os chamados grandes empresários assumindo posições. Aliás, a grande maioria se tornou conselheiro, uma novidade que criaram para encostar muitas pessoas que ainda têm muito gás para queimar. Se tornaram os "Pilatos" da modernidade. Ninguém julga, ninguém reclama, ninguém demite, ninguém decide. Todos lavam as mãos, mas o poder continua como eminências pardas, são os nossos bispos. Está tudo globalizado e terceirizado. Pessoas com identidade própria que sequer precisavam de cartões de visita hoje estão praticamente no estaleiro. Ainda não sei se acomodadas ou desestimuladas. A verdade é que, como dizem os gaúchos, "só não peleia quem está morto". E nisto eles nos dão várias lições. Aqui parece aquela figura dos dois burros querendo disputar montes de feno em lugares distantes e os mesmos amarrados na mesma corda. Também lembro aquela passagem que um cidadão chegou ao céu e viu um grupo de pessoas todos com os braços endurecidos sem possibilidade de movimentá-los. Uma mesa farta de comidas e bebidas e eles alegres em volta se deliciando. Foi só aí que o visitante percebeu que cada um com seu braço sem poder dobrá-lo pegava as comidas e bebidas e servia ao outro e assim sucessivamente - estavam todos felizes! Aqui com certeza morreríamos de fome, olhando a comida. Lembram que em 1982 já se discutia uma central de compras e outra de vendas para o setor moveleiro que mandava no Brasil? Nunca a ideia foi para a frente. O que falta para nós agirmos assim? Lideranças? Pessoas envolvidas? Comprometidas? Solidárias? Sem egoísmo? Já escrevi e a frase não é minha, mas foi meu slogan quando presidente do Lions: "Ninguém é tão bom quanto todos nós juntos". Então, gente! O que está faltando? Acorda, São Bento.
Parte 2
Somos bons católicos, e até alguns muito carolas, mas quem manda é o bispo, como no jogo de xadrez. Aqui se vê o bispo, que talvez um dia nos conheceu de passagem, transferir os padres que estão envolvidos com a comunidade, conhecem seus problemas, vivem nossa realidade, nossas pastorais, conhecem nossos idosos e estão envolvidos inclusive com atendimentos psicológicos e domiciliares, simplesmente por uma decisão de mudança, de troca, de mando, de superioridade. Troca como se fossem simples peças de xadrez. A comunidade que paga dízimo, que ajuda a igreja, que manda 10% de tudo que arrecada para a Diocese, sequer é consultada. É até deprimente quando em um velório o padre vai falar aos presentes e não conhece nada da família e nem do falecido. Coitado! Tudo porque não teve tempo de conhecer, de aqui se fixar, de criar raízes. Assim é feito com o comando da Polícia Militar. Delegados de polícia e outras autoridades. Já tivemos autoridades que por aqui passaram e a maioria da população e até a imprensa ficou sem conhecer. Parece que não estamos preocupados. Já perdemos e continuamos perdendo. Lembram que deixamos de ter Otair Becker deputado federal, primeiro pela falta de nossos votos, depois pela falta de uma mobilização das entidades cobrando do ex-governador Luiz Henrique a sua indicação para ocupar uma suplência? Pior foi ainda quando de sua troca na presidência a SCGás: ninguém daqui contestou, pediu ou reagiu. Não reclamamos nem a vaga para outro. Ao contrário, teve gente rindo e se sentindo feliz como hiena. Até parece que se "não posso ser eu, não será ninguém". Mentalidade tacanha. Agora já podemos dizer que passamos novamente a fazer parte do Contestado, pois até a nossa jovem e promissora liderança, deputado federal mais votado da história de Santa Catarina, já transferiu seu domicílio, foi candidato em outra cidade e pouco aparece. A população não reage. As entidades são mudas. As vozes são roucas e fracas. O orgulho é maior que a barriga dos "cervejeiros", e talvez isso nos impeça de enxergar além do umbigo. Vemos exemplos todos os dias de municípios bem menores que o nosso, mas onde a organização coletiva, a força da união faz com que se esqueçam picuinhas políticas e todos lutem pela mesma causa. Temos problemas na área da Saúde e quem tem que resolver é o prefeito. No hospital, apenas uma meia dúzia de abnegados - se chega a tanto - está preocupada. O efetivo da Polícia Militar, está mais que provado, é insuficiente. O comando pede socorro e nós só reclamamos. Será que infelizmente é preciso que aconteça o sequestro de alguém “importante”, uma desgraça, uma doença ou o acidente que envolva algum poderoso para que daí todos se comovam e saiam correndo à procura de solução? Tem horas que nem todo o dinheiro do mundo resolve. O dinheiro pode ajudar a prevenir. Mas, antes de tudo, ações conjuntas, cobranças, exigências e reivindicações podem facilitar as ações. Assim como os candidatos colocam placas, fazem pronunciamentos, procuram jornais e rádios, fazem comícios para pedir nossos votos, façamos o mesmo. Sigamos seus exemplos e desencadeemos ações efetivas, marcantes e com visibilidade. As mudanças passam pela mudança das nossas cabeças, de nossas ações, ou então entreguemos de uma vez por todas o comando do município e as ações para o promotor de Justiça. Fica fácil achar que agora temos um cidadão-coragem e que tudo vai resolver. Vamos nos unir a ele, vamos usar a sua sabedoria e boa vontade, antes que ele também canse e procure outra cidade melhor para viver e com uma população mais envolvida. Não podemos agora ficar esperando que o vice-prefeito, que é do mesmo partido do governador, resolva sozinho todos os nossos pleitos e deficiências. Seria mais ou menos como querer ganhar sozinho na Mega Sena. Já tivemos prefeitos do mesmo partido do governador, deputados, secretários de Estado e até agora não conseguimos sequer uma permuta de um terreno que já foi do município nem a devolução de um prédio que foi doado para o Estado. A polícia e os bombeiros são equipados e mantidos com dinheiro dos contribuintes do município. Ah! Mas não esqueçamos, na primeira visita do governador e sua entourage: vamos fazer um grande almoço por adesão. Nós pagaremos mais, para que eles não paguem nada e fiquem com as diárias livres e integrais. Também na reunião não sejamos deselegantes e que ninguém se atreva a reivindicar coisa alguma, vamos apenas agradecer, aplaudir os discursos e as promessas. Depois que ele virarem as costas, daí soltamos a língua e descemos o pau. Nisto somos especialistas.
VENENOSAS
- Ex-pároco Kleber Ferreira não saiu nem um pouquinho contente e não deverá ficar com saudades de alguns paroquianos que, ao que tudo indica, tramaram pelas costas a sua transferência. Lamentável.
- O que escrevi aqui neste espaço ainda no ano passado - apenas há poucos dias - está para se confirmar. Deputado Mauro Mariani (PMDB), o mais votado da história de SC, ignorado pelo governo Colombo e companhia, deverá ser a nova estrela do PT. Vamos aguardar.