Após a sensação de insegurança trazida pelas enxurradas no final da tarde de ontem, a população jaraguaense reage hoje em mutirão para tentar salvar o que sobrou. Às 19:30, de sexta-feira, a aposentada Riorita Eger, de 65 anos, ficou sem ação diante da água trazida pela correnteza, passando a altura dos joelhos. Ali, no bairro Czerniewski, ela correu para a casa do vizinho para pedir ajuda. Hoje, a família dela retirava a lama e a sujeira. “Saia água dos canos do banheiro. Nunca vi isso antes em toda a minha vida”.
No mesmo bairro, perto da gruta, Cecília Fátima da Silva, 46 anos, saiu da residência, depois de duas casas serem soterradas abaixo do terreno, às 17:30, de sexta-feira. Ontem mesmo ela e a família organizaram a mudança para o bairro Centenário. “A terra tremeu e corremos para rua”, relembra. “Para essa casa eu não volto mais. Agora vamos viver de aluguel”. Os dois imóveis demolidos pela avalanche de terra estavam desocupados, porque foram interditados em 2008 pela Defesa Civil de Jaraguá do Sul.
No bairro Rio Molha, moradores sofreram com alagamentos, entupimentos de bueiros e destruição de estradas. A rua Pedro Chiodini, por exemplo, foi bastante atingida pela correnteza da água. Edinaldo Eggert, 26 anos, colaborou na limpeza das tubulações.
Além de casas destruídas, há muitos pontos de deslizamentos de terra e alagamentos foram registrados em todas as localidades do município. Ao todo, a Defesa Civil contabiliza que há pelo menos 74 pessoas desabrigadas e cerca de seis mil desalojados.
Mais de 30 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas de alguma forma. No final da tarde de sexta-feira, um temporal deixou muitas ocorrências e destruição em grande parte da cidade, mas os bairros mais atingidos foram Santa Luzia, Rio da Luz, Três Rios do Norte, Três Rios do Sul, Rio Molha, Czerniewicz e Morro da Boa Vista.