Diz um texto atribuído ao escritor João Ubaldo Ribeiro: "A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada... Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou que o Lula fez, não fez e deixou de fazer. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertencemos a um país onde a ‘esperteza’ é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o Dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. Pertencemos a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal e se tira um só jornal, deixando os demais onde estão.
Pertencemos a um País onde jamais teremos a notícia que algum político safado, ficha-suja, flagrado escondendo o dinheiro na cueca ou na meia dará um tiro na cabeça em nome da vergonha. Onde um professor que come literalmente pó de giz durante 30 anos e enfrenta desaforo de pais e filhos mal educados se aposenta com mísero salário de fome". Enquanto isso, a professora, a pastora Odete de Jesus (que blasfêmia!), que ocupou vaga na Assembleia Legislativa e não conseguiu se reeleger, se aposenta com salário de deputado, já com o aumento de 60%, mais de R$ 20 mil por mês, fora as outras vantagens, inclusive auxílio-doença. Até quando, como diria Ruy Barbosa, vamos continuar a "ver triunfar as injustiças" e vamos ver o homem chegar a ter vergonha de ser honesto?