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Previdência privada, seguro, plano de saúde e o juro baixo

Domingo, 11 de março de 2012

 

 por Ricardo Gallo

 

 

Com a forte queda dos juros reais muita coisa muda na vida dos poupadores.

Como o sistema previdenciário público brasileiro não atende as demandas da classe média e das classes emergentes e com as deficiências do sistema de saúde público, é natural que as pessoas acumulem economias ao longo da vida para poderem encarar sua aposentadoria e os problemas naturais de saúde que chegam com a velhice.

Tal acumulação de poupança privada é fundamental, pois além de garantir uma velhice tranquila, as economias guardadas ao longo de uma vida servem para financiar o investimento de capital feito pelas empresas, pois tais recursos são reinvestidos e emprestados ao setor real que pode assim investir, aumentando o emprego e a renda para as novas gerações que chegam ao mercado de trabalho. O dinheiro não fica entesourado e guardado embaixo do colchão, mas sim é investido em papéis emitidos por bancos, governo e empresas que o investem na produção de bens e serviços, gerando empregos. A tal da ciranda financeira de fato é a reciclagem dos recursos guardados pelas famílias e empresas, que são reinvestidos. Toda vez que você investe sua grana poupada num banco, num título público ou privado, em CDBs, na poupança, em fundos de investimento, em ações, você está reciclando sua poupança que é então usada por aqueles que precisam de recursos para financiar suas compras ou investimentos produtivos. A renda dos projetos e dos serviços gerados nestes investimentos é retornada aos detentores do capital que investiram em títulos ou ações de empresas. Esta renda é o que ajuda o poupador a acumular um patrimônio que será um dia gasto durante a sua aposentadoria. Este excedente de poupança das famílias e indivíduos é decorrente da sobra de sua renda com trabalho, aluguéis, juros recebidos e ganhos de capital, depois do que você gasta, consome ou paga de impostos. Este é um conceito simples, porém muito pouco compreendido pela população em geral.

Como eu disse, o rendimento que é recebido nesta poupança é fundamental para se determinar o montante de recursos que é acumulado ao longo do tempo. Porém como há uma inflação que acaba por destruir o poder de compra de tal poupança que é acumulada ao longo da vida, o rendimento que importa é aquele que excede a inflação, ou seja, o rendimento real.

Vamos supor que um indivíduo poupe R$ 10 mil por ano durante 30 anos e que os invista em ativos que rendam 6% ao ano após deduzir os impostos e a inflação corrente. Vamos assumir que estes 10 mil poupados sejam todos os anos ajustados pela inflação, ou seja, se em determinado ano você poupou 10 mil e a inflação foi de 5% aa, você precisaria poupar R$ 10500, oo no ano seguinte, e assim por diante durante 30 anos.  E vamos assumir que os rendimentos auferidos sejam reinvestidos da mesma forma. Ao final de 30 anos este individuo teria R$ 790 mil guardados, valor este que teria sido corrigido pela inflação ao longo destes 30 anos, mantendo assim seu poder de compra.

Repetindo agora este mesmo exercício, porém com uma rentabilidade real líquida de 3% aa, o valor acumulado ao final de 30 anos cairia para R$ 475mil, ou seja, haveria uma queda de 40% na poupança acumulada ao longo deste período. Caso tais recursos fossem destinados para financiar sua aposentadoria, haveria  uma queda de 40% no padrão de vida desejado! Para que tal individuo atingisse os mesmos R$ 790 mil ele teria que continuar poupando por mais 10 anos, ou seja, só poderia se aposentar depois de 40 anos poupando ou elevar sua poupança anual para R$ 16600,00.

Como parte desta poupança tem como finalidade bancar gastos com saúde e eventualmente ajudar seus herdeiros no início de suas vidas, a redução dos juros acaba também por estimular a contratação de seguros de vida e de saúde.  A demanda por tais seguros tende a aumentar pois a renda acumulada pode se tornar insuficiente para bancar estes custos futuros, principalmente em situações emergenciais. Os seguros tendem a servir como uma proteção para este patrimônio, proteção esta que aumenta de valor com a redução esperada da poupança a ser acumulada em virtude dos juros menores.

Não estou recomendando aqui que você contrate um seguro, porém acho que é um bom momento para refletir e avaliar sua poupança e sua aposentadoria.

Existe um outro impacto importante dos juros reais mais baixos no que diz respeito à alocação dos recursos investidos por entidades de previdência ( fundos de pensão) com benefício definido. Tais entidades recebem aportes dos seus patrocinadores de tal forma que os benefícios de aposentadoria dos  beneficiários de tais planos já estão definidos a priori, de forma independente da rentabilidade das carteiras onde tais recursos são investidos. Por exemplo, se uma entidade aloca 50% dos recursos a ativos ligados ao CDI, a cada 2% aa de queda dos juros reais há um deficit de aproximadamente 8% no valor  necessário para se cumprir suas obrigações atuarias num horizonte de 15 anos, o que vai demandar aportes maiores por parte das empresas patrocinadores destes planos ou vai exigir que se aumente a alocação de sua carteira em ativos de maior risco. Esta tendência de aumentar alocação em ativos de risco nas carteiras privadas é inevitável quando se reduz taxas de juros.

No aspecto macro tal processo é saudável, pois ao se reduzir o custo de capital para as empresas, ele acaba viabilizando mais investimentos privados e aumentando assim a capacidade de produção e a produtividade geral da economia. Contudo é fundamental que a inflação seja reduzida e estável, pois acelerações da mesma reduzem a renda real do trabalhador e seu poder de compra, além de reduzir o valor da poupança acumulada, o que abortaria o crescimento econômico. Um ambiente de juros reais mais baixos demanda uma disciplina inflacionária maior e uma menor volatilidade dos índices de inflação, para evitar que bolhas de consumo ou de investimento ocorram.



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