A saída para o Sagrada Família

Sei que o assunto é polêmico e ainda vai gerar muito mais polêmica. Não é de hoje que se discute a situação do Hospital Sagrada Família, o qual é administrado pela Irmãs da Divina Providência. Rendam-se todas as homenagens e reconhecimento a estas abnegadas missionárias que sempre fizeram do cuidar da saúde dos outros um sacerdócio. É justamente este o ponto que preocupa e me faz tocar em uma ferida de difícil cicatrização. Os tempos mudaram, a evolução caminha a passos largos, a saúde requer cada vez mais atenção, e a administração e seu modo de ser realizada também exigem avanços, modernidade, agilidade, atitudes. Na segunda-feira, quando da prestação de contas pública do Sagrada Família na Acisbs – atitude louvável – e que há muito era exigida, puderam ser avaliados números, deficiências, necessidades e novos projetos. Louve-se que tudo isto embalado pela atitude de alguns abnegados empresários que se dispuseram voluntariamente a compor um Conselho Consultivo apoiado pela Acibs e que passou a atuar junto à direção do hospital. O resultado foi demonstrado pelos números: em 2010 e 2011 que produziram superávits orçamentários. Com as mudança da direção do Sagrada Família no ano passado, as relações com o conselho ficaram meio que estremecidas e resultou no afastamento de alguns dedicados integrantes. Nada veio a público oficialmente e tentou-se colocar um band aid no ferimento. A ferida acabou sendo exposta e seu risco de contaminação poderá gerar quase que uma epidemia. Diretoria da Acisbs articula-se para recomposição do conselho e as luzes vermelhas estão acesas. A colocação que quero fazer e fiz de viva voz na reunião da Acisbs é que a solução para o Sagrada Família tem que ser definitiva e que nos coloque no cenário como um polo de Saúde, centro de excelência – seja qual for o nome que queiram dar. Não podemos mais ficar dependendo de rifas, subvenções e outros analgésicos. Sugeri – e volto a fazê-lo – estudos e uma parceria com o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos Municipais de São Bento do Sul (Ipresbs), que tornou público no início deste ano que dispõe de R$ 125 milhões em caixa. Então por que não se estudar uma nova constituição jurídica para o Sagrada Família – que já foi da comunidade –, estruturar uma diretoria altamente profissionalizada e torná-lo uma instituição tipo hospital do servidor público? Claro que para isso precisaria de estudos, uma legislação especial e uma grande campanha de esclarecimento público para que o Ipresbs investisse cerca de R$ 30 milhões no Sagrada Família e que este capital fosse remunerado pela participação para continuar rendendo ao Fundo de Pensão dos Funcionários Públicos. Seria uma fórmula definitiva, o dinheiro existe e está sendo aplicado em especulação financeira e poderia se tornar o antídoto e a vacina para dar tranquilidade à população. Quanto à administração das Irmãs da Divina Providência, a elas seria paga uma remuneração, pelos serviços prestados e mantida a casa-aposento. Sabe-se que hoje a Irmã Nelsa Hackbarth, que já não é mais nenhuma jovenzinha, divide-se entre Lages, Curitiba e São Bento, e já se sabe que pela falta de vocações dificilmente terá uma sucessora da ordem, como aconteceu com a educação os estabelecimentos foram terceirizados e as irmãs estão todas aposentadas. Ela própria disse na Acisbs que já estão sendo “estudadas parcerias” para futuras novas administrações. Esta ideia – de utilizar os recursos do Ipresbs no hospital – já apresentei em conversas informais a grandes empresários, a autoridades do Ministério Público e inclusive ao prefeito Magno Bollmann.