As explosões de caixas eletrônicos em Santa Catarina não têm causado somente pavor e perplexidade nos moradores, obrigados a assistir a cenas que antes viam apenas no cinema ou na TV. Os 40 ataques em 26 cidades desde janeiro de 2011 têm provocado consequências na economia.
Esta é a realidade encontrada em duas cidades da Grande Florianópolis, que não conseguem apagar as marcas de tanta violência: São Pedro de Alcântara e São João Batista.
Em São Pedro de Alcântara, o comércio foi afetado porque os moradores passaram a comprar nas cidades vizinhas. Os dois únicos bancos da cidade foram dinamitados, simultaneamente, em 4 outubro de 2011, e apenas o Bradesco foi reativado. O Banco do Brasil — que concentra a maioria das contas dos pensionistas e funcionários públicos de São Pedro — até hoje não reabriu.
Somente em janeiro é que os aposentados e servidores puderam sacar seus salários nos Correios, mas em valores limitados. Tem gente que mora na zona rural e ainda não sabe que pode sacar nos Correios. Nos três meses sem os serviços do BB, a solução foi buscar os salários nas vizinhas Antônio Carlos, Santo Amaro da Imperatriz, São José e Angelina. Com o dinheiro no bolso, a maioria aproveitava para fazer as compras nessas cidades.
— Caiu muito o movimento. Tive problemas no pagamento aos fornecedores. Quando não podia ir às cidades vizinhas, fui obrigada a pagar juros. Tive muito prejuízo — conta a dona de uma papelaria, Adriana Bromer.
O dono da agropecuária São Pedro, Valdecir Kievel, afirma que a falta do BB causou prejuízo e dor de cabeça.
— O movimento caiu em todo o comércio. E tenho que ir três, quatro vezes nas cidades vizinhas, conforme as contas vão vencendo.
Para ele, o Banco Postal é positivo, mas quem precisa de dinheiro nos fins de semana tem que se programar, porque os Correios não abrem aos sábados. O comerciante fala de uma preocupação maior:
— Os moradores recebem os salários nas cidades vizinhas e acabam ficando fregueses do comércio de lá.
Valdecir contou que, no primeiro mês, muitos idosos ficaram sem receber porque não tinham quem os levasse às cidades.