Educação parte para grande transformação no município

Os trabalhos dos bastidores como administrativo, organizacional, de planejamento de capacitações e formação continuada também são fundamentais para que a Educação seja aplicada com a qualidade que nossos jovens e crianças merecem, para que se tornem não somente bons alunos, mas grandes cidadãos.

As mudanças tecnológicas que vivenciamos implicam em mudanças dentro e fora de sala de aula. Inovação, tecnologias, velocidade das informações, conectividade. Não se pode mais ignorar estas realidades que há muito deixaram de ser somente "tendências".

E é por este motivo que um grande trabalho envolvendo mais de 700 profissionais da Educação está em andamento no município, trata-se da construção da Proposta Curricular Municipal para a rede municipal de ensino, que está sendo trabalhada por todos os profissionais da Educação, sejam professores, especialistas, diretores, coordenadores pedagógicos, multiplicadores, atendentes educativos e equipe da própria Secretaria Municipal de Educação.

Como a própria secretária de Educação do município, professora Rosemari Strack Cândido descreveu, "trata-se de um momento ímpar para a Educação do município, pois estamos trabalhando e ouvindo os professores, que são os profissionais que melhor conhecem a realidade de nosso ensino, são eles que estão lá nas salas de aula ouvindo os questionamentos dos estudantes, sentindo suas necessidades, e trabalhando na sistematização do conhecimento. É um trabalho totalmente democrático e de grandes proporções que está ocorrendo aqui na educação de nosso município", disse Rosemari.

Mas para compreender a importância do que é a Proposta curricular Municipal deve-se entender basicamente a hierarquia da estrutura da Educação que conta com a seguinte configuração:

Constituição Federal

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Resolução 07 de 14/12/2010

Plano Nacional de Educação

Diretriz Nacional Curricular

BNCC - Base Nacional Comum Curricular (trabalhando desde 2017 até o momento - 2017 lançamento - todos opinaram - prazo: início de 2020 para as redes de ensino revisar e reorganizarem a Proposta Pedagógica e Currículos. Na rede municipal de São Bento do Sul, o objetivo de conclusão é para o final de  2019 início 2020)

*Proposta Curricular Municipal (com os trabalhos em andamento)

Lei do Sistema de Ensino

Plano Municipal de Educação

Projeto Político Pedagógico da Escola

Plano Educacional da Escola

Plano de Ação de Gestão

Plano de Ensino - de cada professor (organizado até o final do mês de março - pois o professor precisa conhecer o aluno para desenvolver esse plano)

Plano de Aula - para cada dia de aula que for trabalhado (atrelado a tudo)

Conforme explicou a Diretora de Ensino da Secretaria Municipal de Educação, Adriana Piekarski, "o processo de discussões para elaboração da Proposta Curricular Municipal iniciou no final do ano de 2017 com a aprovação da BNCC e a partir de 2018, em março, as primeiras discussões foram realizadas nas unidades. No entanto, este foi apenas o início de uma reflexão, e agora todos estão engajados no momento de discussão das epistemologias, teorias e concepções de educação; para o fortalecimento teórico. Conforme disse Adriana, "as discussões precisam partir da escola, porque é lá que se constrói o conhecimento, com os alunos".

Adriana fez questão de ressaltar que a Proposta Curricular Municipal não é simplesmente um documento da Secretaria de Educação, "ele não é um documento que está vindo de cima, a proposta é toda uma construção que está sendo elaborada com a base que são os professores, que são os que implementam a proposta curricular lá na unidade escolar", explicou.

Trabalhos

Quanto aos trabalhos para esta construção da Proposta Curricular Municipal, no ano de 2018 foram trabalhadas 60 horas de formação em parceria com a UFSC, que trabalhou com os multiplicadores da rede municipal. Os profissionais envolvidos foram os efetivos especialistas em assuntos educacionais e coordenadores pedagógicos das unidades de educação infantil e de ensino fundamental, totalizando cerca de 70 profissionais recebendo essa formação da UFSC, além da equipe de técnica pedagógica da Semed.

Em 2019 serão mais 63 horas com a UFSC com os multiplicadores e também ocorre a formação continuada e em serviço com todos os professores da rede, aliás, um grande seminário ocorreu nos dias 5 e 6 deste mês. Também no dia 6 e no dia 7 cada unidade educacional trabalhou para elaborar com seus professores o plano educacional, que é o rumo pedagógico e administrativo da escola, aonde foram revisitados os documentos que norteiam a educação: as diretrizes municipais, o projeto político pedagógico da unidade escolar, as diretrizes curriculares da educação infantil a nível nacional e  fichas de matrículas.

E no mês de abril todos os atendentes educativos receberão formação com a UFSC.

Também ao longo do ano letivo, durante as horas atividades, além dos encontros dos multiplicadores com a UFSC, estes multiplicadores estarão fazendo formação com os professores de cada unidade escolar.

"Além de construir a proposta faremos a revisão do currículo escolar", disse Adriana.

A secretária municipal de Educação, professora Rosemari Strack Cândido, resumiu este momento como sendo um "orgulho".

"Sinto orgulho por vivenciar este momento em que todos tem a oportunidade de estudar e planejar o trabalho coletivo nas unidades de ensino do município que formam a nossa rede de ensino. O ano de 2019 será para reelaborar a proposta pedagógica da rede municipal de ensino. Nós temos que implantar a base Nacional Comum Curricular até o início de 2020, e faremos ainda neste ano, e sobre a Proposta Curricular Municipal, os multiplicadores farão o trabalho de formação nas unidades e todos terão voz na construção. Todo o trabalho proporcionará melhor embasamento teórico que culminará não só em melhor ensino na rede, mas na formação de melhores cidadãos. Realmente estamos vivenciando um momento ímpar em nossa Educação!", comemorou Rosemari.

O que dizem os profissionais

Durante uma das capacitações realizadas no auditório da Secretaria Municipal de Educação conversamos com algumas diretoras de escolas do município sobre este momento. As opiniões convergiram para um mesmo ponto, a transformação da educação.

Tatiane Schroeder Alves, diretora da EBM Professora Aracy Hansen, escola do bairro Bela Aliança, ao falar sobre este momento de construção da Proposta Curricular Municipal enfatizou que "é sem dúvida alguma um grande desafio, mas também uma grande oportunidade. Eu sou suspeita a falar porque eu acredito em uma educação transformadora, eu acredito que os nossos alunos tem novos perfis, exigem novas competências e habilidades dos professores, da educação, de quem trabalha com eles no dia a dia, para que possamos oferecer a eles o que irão precisar para o futuro na sociedade".

Como trata-se de um momento ímpar, pois envolve todos os profissionais da Educação, Tatiane ainda fez questão de registrar que "já era chegada a hora de alguém ter esta coragem para movimentar toda essa sociedade, porque nós não estamos só movimentando os professores. Nós vamos movimentar a comunidade, nós vamos movimentar os alunos. É um novo perfil, uma nova conduta, inclusive dentro da sala de aula, dentro da escola. É a oportunidade para que possamos buscar que esse aluno seja mais participativo, seja mais crítico, seja mais autônomo, que ele saiba fazer as suas escolhas, e consequentemente desenvolva um processo mais feliz na sua vida. A bastante tempo nós não tínhamos essa oportunidade dentro da Secretaria de Educação, de estar estudando, de estar discutindo, de termos espaço para sermos ouvidas também", concluiu a diretora.

Dirce Grein, diretora da EBM Sophia Schwedler, escola localizada no bairro Mato Preto, comentou da importância deste momento envolvendo toda a comunidade escolar do município e de se ouvir e trabalhar as diferentes especificidades de cada comunidade.

"Esta proposta será um divisor de águas. É um desafio. Teremos que sair da zona de conforto, teremos que estudar, buscar, se adequar a muitas coisas. Eu vejo que eu estou mudando mas as gerações estão mudando com muito mais velocidade. Vemos a questão da conectividade, valores, tudo é instantâneo, e para eles, os alunos, é uma coisa hoje e amanhã já é outra. E por isso temos que nos adequar. Vejo que este é um movimento pedagógico de grande importância. A mudança causa um certo medo, temos receio do desconhecido, mas é uma situação que nos deixará mais confortáveis daqui um tempo em sala de aula, e lá na frente o aluno será o maior beneficiado com tudo isso", analisou.

Veridiana Aparecida Martins, diretora da EBM Dr. Hercílio Malinowski no bairro Dona Francisca, falou do momento de mudanças na Educação com os trabalhos para a construção desta Proposta Curricular Municipal. Segundo Veridiana "esse processo todo é um novo desafio para o despertar. Um novo olhar do professor para com seu aluno. Um olhar para toda a comunidade onde este aluno vive. Nós teremos o desafio de proporcionar aos alunos habilidades que eles ainda não conhecem", resumiu.

Márcia Weiller Pscheidt, diretora da EBM Pres. Castelo Branco no bairro 25 de Julho, aprova  totalmente a iniciativa que segundo ela, "irá nos tirar da zona de conforto para encararmos uma mudança, e isso é muito positivo".

Márcia analisou o trabalho da seguinte forma: "Eu vejo que este é um momento muito importante porque mexe com uma estrutura do município. Faz com que a gente pare para repensar nossas ações. Importante porque todas as escolas terão a mesma linguagem. Um caminho que já foi trilhado mas ficou muito tempo parado, dez anos se me lembro bem. E o município ganha com isso, a educação precisa disso, e a gente só vai crescer. Claro que isso desestabiliza, porque a gente sai da zona de conforto. Mas isso é importante, porque quando saímos da zona de conforto temos que nos mexer, estudar, e isso movimenta, e é super importante", disse.

Márcia também avaliou os desafios que uma mudança nessas proporções promoverá no município, referindo-se a mudança de comportamento dos profissionais, a busca constante por novos conhecimentos para aplicar aos alunos que estão cada vez mais conectados e cada vez mais distantes do método tradicional de ensino.

Conforme Márcia, "sabemos das dificuldades que enfrentaremos, alguns profissionais ficarão apreensivos, questionamentos surgirão, alguns apropriados outros não, pois iremos mexer com as pessoas. Será um grande desafio, mas certamente as mudanças serão muito positivas para todos, é uma mudança necessária", concluiu.