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No Mundo da Lua - Sônia Pillon


Sônia Pillon nasceu em Porto Alegre e desde 1996 reside em Jaraguá do Sul. 

Formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto pela Univille, atuou como repórter, editora, redatora e assessora de imprensa,  no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Por mais de 10 anos trabalhou no jornal A Notícia.   

É autora de “Crônicas de Maria e outras tantas – Um olhar sobre Jaraguá do Sul” e “Encontro com a paz e outros contos budistas”, com participação em antologias de contos, crônicas e poesias.

Publica também no blog soniapillon.blogspot.com e na fanpage "Sônia Pillon Escritora". É Presidente de Honra da Seccional Jaraguá do Sul da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina (ALBSC).

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Opa José

Sexta, 18 de maio de 2018

Existem imagens que ficam marcadas na memória, principalmente quando nos remetem à infância. Sempre lembro com carinho e nostalgia da figura do meu avô materno. Era um homem simples como o próprio nome: José. Nome bíblico, lembrado como referência pelos cristãos. Coincidentemente, sua profissão também tinha na madeira a matéria-prima. Porém, ao invés de carpinteiro, meu vovô era marceneiro, e dos bons!

 

Recordo bem dos móveis que ele mesmo produziu com as habilidosas mãos, ásperas e calejadas pelo uso contínuo do serrote, da plaina, do martelo, da lixa, da cola, dos pregos, dos parafusos...  Mãos que sempre dignificaram sua existência, de muito trabalho, amor e dedicação aos filhos e netos.

 

Na pequena oficina que mantinha nos fundos da casa, vi muitas vezes a serragem, lascas e pequenos fragmentos de madeira cobrirem o chão de cimento como um tapete amarelo, irregular e movediço. Era preciso cuidar para não escorregar, ao caminhar pela oficina. Para uma criança curiosa como eu, que vivia fuçando por tudo e queria acompanhar como as peças eram feitas, aquele era um lugar mágico.

 

Me acostumei a sentir o aroma da madeira cortada, o cheiro forte da superfície pintada, ou envernizada, a cada vez que ele fabricava peças artesanais. Fazia brinquedos e caixinhas de madeira para mim, minuciosamente. Recordo de uma peça em especial, um cofrinho retangular que acompanhei todos os passos. Primeiro ele pintou de vermelho e depois envernizou. No dia que recebi fiquei encantada com o brilho que emanava. Foi para que eu aprendesse a economizar desde cedo.

 

Nas noites frias de inverno em Porto Alegre, criança ainda, lembro que o equipamento mais festejado da cozinha era o fogão à lenha, que fazia o papel de lareira e deixava o ambiente aconchegante. O fogão a gás era um mero coadjuvante. E foi ali, naquela modesta casa de alvenaria, naquele lar sem luxos, mas de mesa farta e comida saborosa, que aprendi minhas primeiras lições, de honestidade, simplicidade, ética. Do quanto é importante valorizar a família.

 

Opa José, como o chamava, era baixinho, calvo e de profundos olhos azuis. Era um homem de paz, de verdade.  Transmitia leveza. Teve poucas oportunidades para estudar, mas fez questão que os filhos estudassem em escola particular. Para isso, não media esforços.

 

De poucas palavras, humilde, gente boa. Infelizmente, partiu cedo, na primeira fase da minha adolescência. Não tive tempo de retribuir todo o carinho e atenção que recebi.

 

Hoje me lembrei dele. E sempre que lembro dele, me emociono. Foi um exemplo de vida para mim. Se tivesse de escolher uma única palavra para dizer a ele, se o encontrasse, seria gratidão.



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