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Martinelli: “Não adianta ter um código de ética se a empresa não decidir ser ética”

Terça, 12 de abril de 2016

Presidente da Acij fala sobre código de ética e a conduta indicada para as empresas e associados diante de uma tentativa de corrupção

  

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Presidente da Acij diz que a pessoa que quer ser corrompida dá sinais (Foto: Maykon Lammerhirt / Agencia RBS)
 

Em meio à avalanche de denúncias de corrupção no País, a Associação Empresarial de Joinville (Acij) lançou em fevereiro o seu primeiro código de ética. O documento, em desenvolvimento há mais de dois anos, norteia a conduta dos funcionários da Acij e serve como guia para o comportamento das 1.950 empresas associadas à entidade.

O presidente da Acij, João Martinelli, diz que o lançamento mostra que a entidade se preocupa com a conduta empresarial e serve de alerta de que o País vive um momento de crise ética e de maus exemplos daqueles que deveriam ser exemplos positivos.

“A sociedade está doente e o remédio adequado começa por mudanças de legislação, de conduta de quem governa o País e pela consciência do voto”, afirma.

Nesta entrevista Martinelli defende que empresas e funcionários estabeleçam o pacto do não, de não tolerar qualquer tentativa de quebra da ética. Confira:

 

Ética empresarial

A ética é responsável pela perenidade do negócio. Você pode ganhar dinheiro, mas, sem ética, não pereniza porque vende uma imagem muito ruim a seus diretores e colaboradores e desconforta a todos.

 

Código sozinho não resolve

Não adianta ter um código de ética se a empresa não decidir ser ética. Se você ler o código da Odebrecht ou da Braskem, é uma maravilha, fantástico, e serviu de exemplo para muita gente, mas eles decidiram não ser éticos. Se eu sou ético, o código é apenas uma documentação daquilo que eu faço, mas essas empresas todas têm o seu código de ética. As empresas podem até ter sido seduzidas a não ser éticas, mas acredito que se todas elas tivessem se juntado em vez de lotear, e tivessem dito não, acabavam com isso, pois quem vai fazer uma hidrelétrica? As grandes! Uma empresa menor é difícil saber se vai decidir entre o não ou a quebra da ética, mas aí entra o erro estratégico empresarial: se você tem uma empresa pública como sua única opção ou se ela disser não, você quebra, é um péssimo empresário. Nenhuma empresa pode se dar ao luxo de ter 10% ou mais de seu faturamento centrado em um único cliente.

 

Brinde ou tentativa de corrupção?

O empregado sabe quando você tem intenção (de corrompê-lo). Além do valor em si, é o que se dá. Algumas empresas têm em seu código de ética que não aceitam nada superior a US$ 50 ou US$ 100. Os limites têm que ser dados para as pessoas se nortearem. É uma forma de dizer: não pode dar, mas se quiser fazer um agrado com uma propaganda institucional, pode dar uma agenda, um calendário, uma caneta. Essas coisas ficam dentro do que se chama de marketing positivo. A instituição tem que ser ética e ter normas. Se algum empregado quebrá-las, a responsabilidade é dele. O ruim é quando a entidade não é ética. Existem coisas que é preciso tomar cuidado: se uma agência de viagem manda para a secretária um convite para passar uma semana na Costa do Sauípe (BA), com acompanhante, é óbvio que isso é corrupção. Se quer agradar ao cliente, o caminho certo deve ser outro: dizer que, como vocês são nossos clientes, vamos dar um brinde ao escritório para uma semana no Sauípe. E vocês podem dar a quem vocês entenderem que seja interessante (não direcionar a um comprador). Aí tem conotação de fidelização, é um marketing positivo.

 

Lava-jato

Todas as empresas envolvidas na Lava-jato ou vão quebrar ou estão em recuperação judicial ou vão ter que pagar multas pesadíssimas que já estão comprometendo a sobrevivência porque não foram éticas.

 

Propina

Se um colaborador na ponta, um comprador, está querendo receber tanto, o dever é denunciar ao chefe, ao dono do local onde ele trabalha. O primeiro pacto é o ético, sair da lei do menor esforço. Se denunciar lá em cima, a chance de continuar fornecendo sem propina é muito grande, pois está prestando um enorme serviço à empresa. Como eu vou tomar conhecimento se um dos meus funcionários sai fora da linha? Só se um cliente ou fornecedor informar.

 

Compras

Não adianta dizer que comprou do fornecedor mais barato. A ética não é o mais barato. É dar liberdade às pessoas de fornecerem ao preço que acharem justo. Pois se um oferece por R$ 40 e outro oferece R$ 30, aí você diz: ‘olha o outro me deu R$ 30, tem que dar R$ 30 também’. Isso é antiético, por mais que você tenha comprado pelo menor preço, que é a regra da empresa.

 

O profissional

O seu comportamento dita se alguém vai ter acesso a você ou não. Isso vale na vida pessoal ou profissional. Quem aceita ser corrompido passa mensagens e a outra pessoa sabe ler. Frases bobas do tipo “o que eu tenho que fazer...” que são colocadas e você já capta. Sempre tem a opção do não, pode ter certeza disso. Não existe mecanismo para evitar isso tudo, a não ser o conceito pessoal de ser ético.

 

O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA

Alguns trechos do documento da Acij sobre relacionamento com parceiros, políticos e governos:

 

Fornecedores e parceiros

– A Acij não aceita que pessoas responsáveis por decisões associadas à contratação de bens e serviços tenham, direta ou indiretamente, interesses comerciais ou pessoais com fornecedores ou parceiros da entidade.

– A Acij não autoriza que as partes interessadas recebam ou solicitem presentes, recursos financeiros ou doações de qualquer espécie de fornecedores eparceiros que mantenham relação direta ou indireta com a entidade, com o intuito de favorecimento pessoal ou de terceiros.


Classe política

– É proibido oferecer, dar ou prometer direta ou indiretamente, por intermédio de outros, dinheiro, favores, presentes, viagens, subornos, entretenimento e hospitalidades a partidos políticos com propósitos escusos.

 

Órgãos públicos

– Coíbe ações que impliquem prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público ou a terceira pessoa a ela relacionada. Como também financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática de atos ilícitos, abrangendo qualquer um dos agentes públicos nas três esferas de poder e entes federativos.

(Publicada em A Notícia no dia 05/04/16)



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