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Cléverson Israel Minikovsky

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Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)

Advogado

Filósofo

Jornalista (DRT 3792/SC)


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Os dois maridos de minha mãe

Terça, 18 de agosto de 2015

Freud foi o primeiro a falar abertamente da relação entre mãe e filho fazendo alusão ao mito de Édipo do que o complexo de mesmo nome tira sua ideia central. No catolicismo Maria é a figura feminina que falta em outras religiões monoteístas. Hoje que o tempo passou vejo isso mais claramente. Minha mãe não tinha um, mas dois maridos. O primeiro deles era meu pai e, o segundo, eu mesmo. E muito embora tenhamos passado ao largo de qualquer relação incestuosa, ela me possuía virtualmente. Tão logo estava eu próximo a uma rapariga fresca e airosa minha mãe começava a dizer “meu Deus, como o Cléverson é nervoso, na verdade, ele não é nervoso, ele é uma pilha de nervos” ou então “o Cléverson é orgulhoso, ele não hesita cavalgar nos lombos alheios para fazer brilhar sua própria luz”. Despiciendo dizer que de imediato eu ficava isolado e só. Porque nenhuma moça quer namorar um rapaz agressivo e convencido. Pronto: o alvo foi alcançado, fui preterido, descartado, rejeitado. Virgem e casto para a alegria de minha mãe. Quem conhece o filho melhor do que a própria mãe? Ninguém. E com uma contrapropaganda vinda de quem eu mais esperava falar bem de mim fiquei entre nevoeiros e frustrações. É complicado quando a satisfação de alguém depende da insatisfação de outro. Nada mais espiritual do que rejeição, nada mais espiritual do que frustração, nada mais espiritual do que vazio afetivo. Não é fácil estar sob a tutela do próprio inimigo. A verdade é que não tive adolescência alguma. Minha socialização foi a solidão. Os únicos que me fizeram companhia foram os livros. E mesmo não tendo ninguém com que me relacionar escolhi os melhores para minha companhia: Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino, Hegel, Marx, Freud, Einstein, Chardin, Darwin, Comte, Popper, Soltys, Teles, Kormann e muitos outros. O problema de ser possuído por alguém é não poder dispor de si. Nunca quis mandar em ninguém, só quis mandar em mim mesmo. Antes de querer escravizar a outrem, almejei minha própria liberdade. Nada é tão ruim como ser preconceituado em todos os lugares onde se põe a sola do sapato. Na verdade, as pessoas imaginam que têm a sua ficha corrida, mas nada sabem, nem de longe suspeitam quem venhamos a ser. Todos temos um lado belo e um lado não tão belo. E as pessoas enxergam muito nossos defeitos, mas se empenham para não enxergar nossas qualidades. Triste e maldita geração a que não admite ver prosperar a geração seguinte. Os pagãos não dão uma serpente a um filho quando este lhe pede um ovo, mas os que se dizem cristãos pregam uma tábua com inscrições afrontosas na testa de seus rebentos. Quem está dentro da família não percebe as contradições da família. Quem vem de fora enxerga melhor os defeitos da família do cônjuge. Nada mais diabólico do que vender uma má imagem do filho para a sociedade e tratar o filho com dureza porque a sociedade o rejeita. Mata-se o filho pelo lado de dentro e pelo lado de fora. É como se a raiz da planta expelisse o tronco ligado a ela sem perceber que também a raiz apodrece quando tronco e galhos fenecessem. É como se Deus estivesse dividido contra si mesmo. Nem o diabo comete um erro tão crasso. Nada é tão ruim como ter o ciúme mas não o afeto de alguém. Ser invejado em vez de ser a realização de quem me observa. Nada é tão ruim como perverter a ordem normal das leis da natureza. Até porque lei, como diria Montesquieu, é a relação necessária que decorre da própria natureza das coisas. E o absurdo ocorre quando estas leis são invertidas. Graças a esta trajetória, e Cecília Meireles, a poeta, me perdoe o quase plágio, “não sou feliz e nem infeliz, sou filósofo”. Sou essa coisa xoxa, morna, insossa e sem graça. Um tudo pensado e nada sentido. Uma enorme empatia ao abstrato e antipatia ao mundo da vida. A única ponte transitável entre eu e o próximo é a Bíblia, compêndio bendito das Sagradas Escrituras sem o que a vida tornar-se-ia insuportável e mais terrível do que já é.



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