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Cléverson Israel Minikovsky

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Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)

Advogado

Filósofo

Jornalista (DRT 3792/SC)


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Atos dos Apóstolos

Terça, 23 de junho de 2015

 

No último sábado, 20 de junho de 2015, tivemos palestra com o eminente professor Mestre Valdinei Gandra e vamos socializar com o amável leitor aquilo que ele nos passou. Ele foi professor universitário e empresário, mas hoje se concentra exclusivamente na carreira docente. Desde 1998 leciona Novo Testamento na Assembleia de Deus. O curso livre foi reconhecido pelo MEC. É coordenador do curso de teologia referido. É mestre pela Univille em Patrimônio Cultural e Memória. Leciona grego e teologia da missão mais teologia latino-americana. A partir de nossas perspectivas fazemos teologia para nós mesmos, esta é a perspectiva da teologia latino-americana. A teologia da missão integral é representada pela Fraternidade Teológica Latino-Americana. Ela existe desde 1970 e entre os fundadores se acha Samuel Escobar. O livro dos Atos dos Apóstolos é uma proposta bastante inovadora. Tem um viés histórico-salvífico. Este é o seu propósito. O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas. Lucas foi o braço direito de Paulo. Paulo nos últimos dias de sua vida diz “Só Lucas está comigo”. Ele não é um livro isolado. O evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos era uma só obra e depois foi desmembrada em duas partes. Não há certeza absoluta de que foi Lucas que escreveu Atos dos Apóstolos. Lucas tinha uma função teológica ao escrever o livro. Lucas é detalhista e tais detalhes não se encontram nos outros evangelhos. Só em Lucas aparece Jesus com 12 anos de idade. Escreve com economia mas é o único que se refere a essa data. Lucas descreve os momentos antecedentes do nascimento de Jesus, por exemplo, o encontro de Isabel e Maria. Em Lucas capítulo 15 encontramos a parábola do filho pródigo, a parábola da dracma perdida e a parábola da ovelha perdida. Elas se encontram somente no evangelho de Lucas. Ele é o mais preciso nas informações. Quando Lucas escreve já havia Marcos. Ele quis ir além daquilo que já havia sido escrito. A história avança com o pré-nascimento de Jesus e termina com Paulo preso em Roma. O objetivo é fazer o povo ver o quanto ele foi alvo da graça de Deus. Lucas cobra atenção de nós. Ele trabalha com aquilo que não é óbvio. Ele é sutil. Lucas é um homem que tem uma capacidade intelectual incrível. Além de ser médico era um grego letrado. O grego de Lucas é um grego refinado. Ele conhece como ninguém a cultura helênica. Ele escreve para gentílicos cristãos. Mateus escreve para judaico-cristãos e é muito comum encontrar a expressão “para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta tal”. Porque havia muita gente querendo voltar para o judaísmo. Os gentios não faziam sacrifício no Templo e não eram circuncidados. O filho pródigo é para fazer o gentio se reconhecer nele. O mesmo vale para a chama e para a ovelha perdidas. Ele coloca em nossas mãos uma grande chave hermenêutica. Lucas apresenta o momento em que o evangelho sai da cultura judaica e parte para uma cultura gentílica. Vivemos na pós- modernidade. Não cabe a nós cristãos demonizar o momento histórico em que estamos vivendo. Assim como Lucas apresenta uma ferramenta para implantar o evangelho no momento de transição entre uma cultura e outra, o mesmo devemos fazer hoje. Existe um documento que se chama Pacto de Lousane, de 1974, que afirma em seu capítulo 10 que nenhuma cultura é melhor do que outra. E diz que parte de toda cultura é demoníaca e que parte dela é graça de Deus. A patrística quis conquistar os intelectuais da época e recepcionou demais a cultura grega. A teologia do século XIX calcada na visão grega quis resgatar a alma é se esqueceu do corpo, o que deixa uma questão social em aberto. O ser humano é integral e assim deve ser visto. Ao focar só na alma nos esquecemos que também a carne ressuscitará. Nossa missão não para quando a pessoa aceita o senhorio de Jesus “aceita a Jesus”. Marx se apropriou do socialismo que estava em Atos dos Apóstolos . O verdadeiro cristianismo engloba crítica ao capitalismo, justiça social e meio ambiente. A própria mulher precisa ser valorizada. A visão misógina vem dos gregos. Essa visão vai contaminar até mesmo nos escritos dos pais da Igreja. É, enfim, uma perspectiva teológica mal resolvida. Frida Vingren era formada em enfermagem, esposa de Gunnar, e pregava na Casa de Detenção no Rio de Janeiro em 1920. Em 1930 a Assembleia de Deus fez um consistório e o ministério feminino foi extinto. A Frida voltou para a Suécia e morreu frustrada no manicômio. Ela se tornou um mito assembleano ressignificado. Mas ela está sendo vista como boa mãe, boa esposa, mas não como líder. Atos dos Apóstolos foi escrito entre 75 e 85 d. C. Ele foi escrito de pois de Marcos e depois das epístolas paulinas. Quando Lucas escreveu Paulo já havia sido martirizado. Em Atos dos Apóstolos muitas vezes se encontra a voz “nós” (primeira do plural), ou seja, em muitas ocasiões Lucas estava junto. Lucas é o único que apresentava um método. Lucas explica em Atos dos Apóstolos nos capítulos de 1 a 4 que havia uma tradição oral e paralelamente estava surgindo uma literatura sobre Jesus. Lucas queria escrever “algo ordenado, ó Teófilo”. O papel era caro. Eram poucas as pessoas que sabiam ler e escrever. Na época existia o amanuense, alguém que tinha um domínio da escrita e era contraditado para escrever cartas. Vale à pena lera a obra “Igreja, Carisma e Poder”  de Leonardo Boff em que o autor desmascara as estruturas de poder das igrejas. Pedro diz “não me é lícito estar sob o mesmo teto que você” em relação ao ouvinte gentio.  A verdadeira conversão é metanoia, contrição, mudança de mentalidade. Quando Lutero quis que sua doutrina se propagasse ele tornou as canções populares e colocou letras cristãs. Essa é a linha da cultura gospel. Trata-se de um processo perigoso e inconsciente. A cultura gospel não é cristocêntrica e não é neotestamentária. Ele é judaica e veterotestamentária. A cultura gospel considera o judaísmo necessário à salvação. Prólogo: 1: 6-11. Registram-se os 40 dias de Jesus ressurreto. “Fica em Jerusalém até que do alto sejais revestidos em poder”. O Espírito Santo se manifesta numa multidão de 120 pessoas. Antes de Jesus ser assunto aos céus fizeram uma indagação a Jesus: “Senhor é agora o tempo em que irás restabelecer a realeza em Jerusalém?”. Jesus responde: “Não compete a vocês conhecer os tempos, mas ficai sabendo que descerá dos céus um poder que ficará com vocês”. Depois de três anos convivendo com Jesus vemos o não entendimento dos valores do Reino de Deus. Eles estavam preocupados com o restabelecimento político do povo judeu em face de Roma. Para o judeu estar sob o domínio do estrangeiro é estar sob o juízo de Deus. Em colossenses Paulo orienta os cristãos a não se apegarem a vãs filosofias humanas. “Serei minhas testemunhas (mártires, em grego). História da Igreja: 1° Século: as origens; 2° Transição; 3° Consolidação da Igreja. O cristianismo se difunde em toda bacia do Mediterrâneo que era onde estava a civilização da época. Na verdade isto também está ligado ao chamado de Abraão e Israel. Israel falha por ficar ensimesmado. Israel acolhe as tradições dos povos repudiados por Deus (idolatria). “Se vocês se desviarem dos meus caminhos usarei as outras nações como vara de açoite”. Os assírios misturavam as identidades (ecletismo, hibridismo e assimilação). Sucederam-se impérios sobre os judeus em razão da infidelidade espiritual: assírio, babilônico, medo-persa, grego e romano. Foi uma dificuldade tremenda levar o evangelho para os gentios. I. A Igreja de Jerusalém – o grupo dos apóstolos 1: 12-14 – substituição de Judas 1: 15-26 – pentecostes. O derramar do Espírito Santo capacita para o testemunho. Glossolalia: línguas estranhas. Xenolalia: línguas estrangeiras. Acontecem as primeiras conversões. Elas começam com a pregação de Pedro. Nós não temos o discurso integral de Pedro, mas nós temos uma síntese. A estrutura do discurso de Pedro é cristocêntrica. Tem muita fundamentação bíblica. Naquela época não havia sido determinado o cânon veterotestamentário. Devemos usar o velho testamento a partir de Cristo e para Cristo. Tudo o que diz respeito ao Messias tem de ser identificado com Cristo. Os apócrifos aceitam Jesus como humano. Jesus criticou os fariseus porque eles quebram o cotidiano dicotomizando-o. “Tenho medo de espiritualizações exageradas” diz Gandra. A pregação de Pedro visa demonstrar que Cristo é o cumprimento do Antigo Testamento. Banalizamos o nome de Cristo. O judeu não pronunciava o nome de Deus. Isto é sinal de reverência. Com os judeus precisamos aprender reverência e com Jesus intimidade. Há uma ideologização da comunidade cristã. Não há vivência comunitária sem a Trindade. Em particular a ação do Espírito Santo era mais presente. O pentecostalismo deu sentido de vida às massas oprimidas. O temor é o entendimento que a presença de Deus está presente em um determinado lugar. Todos os que tinham abraçado a fé colocavam tudo em comum, vendiam o que tinham e partilhavam entre si. Ainda usavam o Templo judaico porque não eram exatamente cristãos. Não tinham identidade definida. Somente em Antioquia seriam chamados de cristãos. Tinham a simpatia do povo. E dia a dia Deus agregava os que iam sendo salvos na fé. Sem vivência comunitária não há cristianismo. Esse é o perigo do evangelizar pelos meios de comunicação social. O mercado fragmenta os laços afetivos. Por isso que o cristianismo não pode se tornar produto. Para que nós possamos ser diferentes na Igreja precisamos ser diferentes lá fora. Se fora eu for capitalista também serei capitalista na Igreja. Paulo teve condições de abraçar o martírio na prisão. E ele é criticado por não se tornar mártir naquela condição. E Paulo justifica que fez isso para poder cuidar dos cristãos. Além do modelo de Igreja temos de mudar o modelo de vida.  Fazemos o discurso da missão integral usando o manual de Lacoste que custa R$ 400,00. Na década de 90 a MELC ainda discutia se era correto fazer missões entre afrodescendentes. A partir da morte de Pedro os cristãos de Jerusalém saíram dali e foram para fora e levaram com eles o evangelho. Quem faz missão entre os gentios são os judeus dispersos helenizados. Os grandes missionários serão os diáconos, mais Paulo e Silas. Todos dispersos e helenizados. A dispersão portanto não é maldição, mas bênção. Não dá para pensar igreja sem uma ação miraculosa de Deus. Em Atos dos Apóstolos, capítulo 9 temos Pedro vendo o lençol com os animais impuros. E Jesus disse “mata e come”. E Pedro diz “como posso comer o que é impuro?”. E Jesus diz “Pedro, não considere impuro aquilo que Eu purifiquei”. Logo após isso já tem o apelo de Cornélio. Enquanto Pedro falava o Espírito Santo foi derramado sobre Cornélio e sua casa. O Espírito Santo atropela o protocolo. Relacionamento com Cristo não é institucionalização. “Queremos ser Igreja para quem não gosta de Igreja”. O protestantismo está no Brasil desde 1808 com a vinda da família real quando vieram os primeiros ingleses. São judeus dispersos e anônimos que pregam para os primeiros gentios. O centro de irradiação do evangelho portanto não está em Jerusalém, mas em Antioquia. Antioquia tinha propostas inovadoras. É esse cristianismo que acolhe Paulo. Antioquia era desconfiada por Jerusalém. Barnabé visita a Igreja de Antioquia. Também Barnabé era um judeu da dispersão. Paulo era o homem mais cosmopolita de sua época. Ele tinha formação de rabino, falava grego e latim, era romano e conhecia a cultura grega urbana. Paulo tinha uma rejeição tremenda dos judaizantes. Paulo chega em Atenas e vai para a ágora, lugar da novidade filosófica. Paulo é levado para o areópago. Paulo vê o panteão, entre eles o “agnos Dei”. Pedro estava numa cultura confortável para evangelizar. Paulo estava numa cultura (grega) desconfortável. Nós começamos a nos aproximar de uma matriz cultural desconfortável. As pessoas desconhecem o cristianismo. As respostas que estamos dando hoje não são aquelas às perguntas de hoje. Estamos respondendo a perguntas velhas.

 
 
 


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