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Cléverson Israel Minikovsky

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Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)

Advogado

Filósofo

Jornalista (DRT 3792/SC)


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Mensagem Natalina

Sexta, 26 de dezembro de 2014

Mais um ano chega ao fim e somos convidados enquanto cristãos a pensar no significado do Natal. Natal é o radical de natalino, de natalidade. Refere-se à ideia de nascimento. Natal é o nascimento de Deus totalmente Deus e totalmente homem. Natal é a presença histórica de Deus entre nós. É o cumprimento da Lei e dos profetas. Para entendermos o que vem a ser o natal temos de nos reportar ao pai da Igreja Aurélio Agostinho. Pergunta-se Agostinho: o que fazia Deus antes de criar o mundo? E ele responde: antes do tempo não havia tempo. E Georg Wilhelm Friedrich Hegel, inspirado no Evangelho de Jesus Cristo segundo João responde: Deus pensava nele mesmo. E mesmo depois da criação do mundo a maior ocupação de Deus é pensar nele mesmo. O Deus pensante é o Pai e o Deus pensado, que no fundo é o mesmo que o Deus pensante, é o Filho, Jesus Cristo. E a relação entre o Deus pensante e o Deus pensado é o Espírito Santo. A dinâmica das Sagradas Escrituras é exatamente esta: Deus Pai é um momento, Jesus Cristo é outro momento, e o Espírito Santo é a síntese dos dois momentos anteriores. Deus poderia ter escolhido nascer em Jerusalém, mas preferiu a pequena Belém. Jesus Cristo é o Deus da periferia. Temos de pensar que presépio e manjedoura são termos bonitos para se referir a um cocho de uma estrebaria. Deus não encontrou nenhum estalajadeiro que pudesse o abrigar. Teve de ficar com os animais. O nascimento de Cristo não foi só um evento espiritual e cultural, foi um evento cósmico: uma estrela guiava os três reis magos. Baltazar era negro, veio da Arábia professava religião animista e ofereceu incenso significando o sacerdócio. Gaspar era branco, veio da Índia, e ofereceu ouro significando realeza. Melquior era oriental, veio da Pérsia, sua religião era zoroastrista, e ofereceu mirra significando imortalidade. As três grandes raças representando toda humanidade vieram prestar culto ao menino Jesus. Até porque depois Jesus Cristo morreria mais tarde na cruz pelas gentes de todos os povos, raças, línguas e nações. As três mais importantes religiões afora o judaísmo reverenciaram a Jesus. Para dizer que Jesus Cristo é o poder supremo em se tratando de poder espiritual. E mesmo dentro do judaísmo Simeão e Ana glorificaram a Deus por terem contemplado o menino. Os três eram reis, para significar que Jesus é o Rei dos reis. E os três eram magos, para dizer que toda magia, todo encantamento, todo esoterismo é menos do que o poder de Jesus Cristo. Quando o menino nasceu os anjos fizeram festa. Porque Jesus Cristo é Senhor também dos anjos. Jesus nasceu de uma virgem para se cumprir o que estava escrito em Isaías: uma virgem conceberá e dará à luz a um menino. José é avisado em sonho para não rejeitar Maria ocultamente. Jesus teve de escapar de Herodes que mandou matar os meninos, pensando que Jesus Cristo viria a ser um líder político. João veio preparar o caminho de Jesus Cristo. Dele o próprio Cristo disse: dos filhos nascidos de mulher não há outro maior que João Batista. Natal é uma data em que o aniversariante às vezes fica esquecido e somos nós quem ganhamos os presentes. Mas o Natal de uma família que se considere cristã tem de ser essencialmente cristocêntrico. O Natal é a data máxima em relação ao qual organizamos o calendário. O calendário ocidental é o calendário da era cristã. E é o mais empregado em todo o mundo. Existe, portanto, um mundo antes de Jesus Cristo, um mundo durante a presença real de Jesus Cristo e um mundo depois da passagem de Cristo por esta terra. Ainda que se diga que a Páscoa é a data mais importante para os cristãos, sem Natal não haveria possibilidade de Páscoa. O Deus que se encarna, toma a forma humana, toma nossas misérias e limitações, é o Deus que vendo que só poderia se fazer entender pelos humanos se se despojasse de suas prerrogativas divinas para ser exatamente como um de nós. O Deus menino ajudou seu pai na carpintaria e se empenharia neste ofício até os trinta anos, quando começaria seu ministério. O Deus menino crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Tudo isto vai culminar no calvário. Quando Cristo dá o último suspiro na cruz, quando toda nossa fé, toda nossa esperança parece estar completamente aniquilada, quando o que vemos parece denunciar a absoluta falência do mundo espiritual, quando parece que definitivamente o mal conseguiu vencer o bem, eis que a Fonte de Água Viva – e é na queda que a água toma força – onipotentemente subjuga as forças do inferno, e em esplendor derrota a morte e religa o que estava desligado, entronizando a vida no lugar que sempre deveria ter sido seu. Este é o sentido do pinheirinho de Natal: mostrar que Jesus coloca ao nosso alcance os frutos da árvore da vida. O Natal deve ser um tempo de confraternização. E os dias que antecedem a data devem ser um tempo de exame de consciência e de convite à conversão. Cristo confirmou a pregação dos profetas, também ele disse “arrependei-vos”. O Natal é o começo do absurdo que um Deus apaixonado faz por aqueles a quem ama. Deus não tem limites. O Natal é um marco histórico de um Deus que se envolve com seu povo. Deus também um dia foi bebê. Ele não começou sua missão já adulto. Assim é o Reino de Deus que começa pequeno e depois se torna frondoso. Em que pese na Bíblia só as personalidades satânicas comemorarem a data de nascimento, até porque esta é uma praxe pagã, penso que o cristão não erra em comemorar o nascimento de Jesus Cristo. Porque o comemorar o Natal é rememorar o sacrifício de Cristo e é Ele mesmo quem ordena a conservação de sua memória. O Natal é sempre a oportunidade ímpar para o recomeço de uma nova vida. É um pretexto excelente para dar e receber perdão. É um pretexto excelente para nos aproximarmos daqueles com quem havíamos esfriado. Tempo para presentear não só a quem amamos por afinidade, mas presentear também os pobres, carentes, miseráveis, enfim. A cada Natal que comemoramos devemos de igual forma comemorar mais um ano de vida, nossa saúde, o cuidado que o Deus Providente tem para conosco. Natal é esperança. Todo nascimento é esperança, mormente do Filho de Deus. Como diria Rabindranat Tagore “cada vez que nasce uma criança é a prova de que Deus não desistiu do gênero humano”. A comemoração do Natal é a comemoração da vida, até porque Deus é um Deus dos vivos e não dos mortos. Em Portugal o Papai Noel chama-se Pai Natal. O adjetivo “Noel” é a tradução francesa de “Natal” e o Brasil por longo tempo foi culturalmente colonizado pela cultura francesa. De tal sorte que o brio dos tempos idos era falar francês e tocar piano. O personagem de Papai Noel foi inspirado em São Nicolau, arcebispo de Mira na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar, sem que a direita soubesse da esquerda, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e do torrão germânico correu o mundo inteiro. De toda forma, não devemos deixar que o velhinho que tem fama de ser bondoso ocupe o lugar central que cabe ao menino Jesus. Diga-se de passagem, no cristianismo romano é frequente o santo tirar a cena de Jesus Cristo e é contra isto que nós precisamos nos levantar. Não combatendo e nem criticando católicos, mas vivendo em nossa vida a presença primordial de Jesus Cristo, o verdadeiro santo, único capaz de santificar o que quer que seja. E quem santifica sem ser Jesus Cristo, no entanto, faz por Ele, Ele que é o único mediador entre Deus e os homens. Precisamos viver um Natal de verdade, menos centrado no chester, no peru, na coca-cola, nos presentes e no Papai Noel e completamente centrado na figura de Jesus menino. A superstição, dizia Edmund Burke, é a religião dos que não têm religião. Não raro os dias de trânsito entre Natal e ano novo se prestam a uma série de práticas extremamente supersticiosas, alimentares e de vestuário, mas o cristão tem de se abster destas coisas. A segunda maior festa cristã, o Natal, o nascimento de Cristo, é por si só uma boa notícia, uma informação maravilhosa. Vem ao mundo o segundo Adão. Mas agora se trata de um Adão justo, sem pecado e santo. Um Adão que resiste à tentação. Absolutamente irreprovável, sem mácula alguma. Com o nascimento de Jesus Cristo fica anunciada a certeza do derramamento da graça sobre todos quantos acolherem a Ele no seu coração. Se a morte na cruz é o preço da nossa salvação, o Natal é a nota promissória. E o crédito de Deus não é como o crédito do homem, que ora funciona e ora não funciona. O nosso Deus é o Deus que nunca falha. O Natal é mais que uma data comemorativa. Ele é um estado de espírito. Sempre temos de ter em mente a encarnação de Deus em nosso meio. A antropologia científica diz que nós temos este mesmo corpo há cem mil anos. Ora, faz pouco mais de dois mil anos que tivemos Cristo entre nós. Ou seja, o nosso Deus esteve em carne e osso ao nosso lado agora há pouco. Faz um piscar de olhos que Cristo foi parturido. Deus é presente, Ele nunca nos abandona. Diria que a história do cristianismo mal começou, salvo uma volta repentina de Cristo como preconizam as Sagradas Escrituras. Somos uma congregação jovem, com pouco mais de dois mil anos e já arrefecemos. Demos espaço a toda forma de materialismo, a toda forma de anticlericalismo, a toda forma de individualismo e, para ser mais exato, a toda forma de ateísmo. Diria que o ateísmo é um mal de nosso tempo. Porque mesmo que não sigamos os pensadores que professam o ateísmo filosófico e teórico, frequentamos a Igreja, nos dizemos crentes, mas vivemos na prática como se Deus não existisse. Esquecemos que Jesus Cristo é ontem, hoje e sempre. Jesus Cristo está entre nós. Ele nunca nos deixou. A ascensão não é derrelição, não é abandono. Não devemos pensar que o Espírito Santo nos consola e que o Pai e o Filho sejam figuras distantes, o Espírito Santo é inseparável do Pai e do Filho. O Reino de Deus é o primado da figura de Jesus Cristo sobre tudo o que o mundo possa nos oferecer. O Reino de Jesus Cristo não é deste mundo, mas precisa acontecer neste mundo. E a maior prova disso é a encarnação. O Natal é uma data tão importante que é comemorada até por não cristãos. Que o Jesus menino possa ser gerado em nós. Mais que uma data a registrar o solstício de inverno no hemisfério norte do planeta, o Natal, gelado ou tropical, deve ser a morte do homem velho e o nascimento do homem novo. O Natal é a vitória da fraqueza sobre a força. A imposição do suave sobre o bruto. O Natal é um gesto infinito de amor de Deus que se dá ao mundo. A humanidade não lhe deu berço de ouro e ainda incorreu em deicídio. Sim, matamos Deus. E graças a este crime, o maior crime que poderíamos ter perpetrado, entrou a salvação no mundo. Deus retribui nossa máxima maldade com infinita bondade. Por um só homem entra o pecado no mundo e por um só homem entra a salvação. Uma criança nascida num mundo mau, ainda que divina criança, é bem verdade, consegue não contaminar-se com o pecado. Prova irrefutável de que uma vida de santidade é praticável. Como diria Teilhard de Chardin, houve uma cosmogênese, uma biogênese, uma noogênese e por fim uma cristogênese. Referindo-se à origem do universo, da vida e da inteligência e, por fim, ao Cristo. A evolução do universo e o que ele contém foi querida por Deus e a manifestação de Cristo no mundo é um episódio universal. Natal é também amor às crianças porque Jesus foi uma delas. Natal é o encontro do vertical com o horizontal, o céu desce a terra, o infinito é posto dentro do finito. Universal e singular se identificam. Natal é o ponto onde o natural e o sobrenatural se encontram. Natal é a máxima esperança sem a qual não poderíamos viver. É um dos pontos centrais de nossa fé. Porque quem quer que se diga cristão tem de admitir, no mínimo, a realidade do Cristo histórico.



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Mariano Soltys


A IDEIA DE DEUS PENSANTE É TÃO IMPORTANTE QUE JÁ ESTÁ NA PRIMEIRA EXPLICAÇÃO DO ZOHAR, LIVRO DE CABALA, ONDE SE COLOCA O PRIMEIRO VERSÍCULO DO GÊNESIS COMO COMEÇANDO PELA LETRA HEBRAICA BETH, O QUE LEVA A PENSAR EM UMA PALAVRA QUE SE REFERE A CABEÇA, LOGO A CABEÇA DE DEUS. AQUI VOCÊ FALA EM PAI E FILHO, O QUE TAMBÉM SERVE. APESAR QUE SE PENSARMOS EM FILHO COMO VERBO, ELE ERA TAMBÉM O PAI. AS LIÇÕES DE JOÃO SERVEM NESSE SENTIDO. ABRAÇO AMIGO.

Responder      03/02/2015

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