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Cléverson Israel Minikovsky

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Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)

Advogado

Filósofo

Jornalista (DRT 3792/SC)


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Deserto: profundo e longo

Domingo, 30 de novembro de 2014

 

O deserto é um estado de espírito: aquele da angústia humana. Ele se caracteriza por ser um sofrimento extremamente intenso e extenso. Se pudéssemos, diluiríamos o grande sofrimento em doses homeopáticas num lapso de tempo mais prolongado. Ou, quem sabe, aguentaríamos firmes um grande momento de sofrimento com ousadia se ele fosse relativamente breve e tivéssemos a exata noção de sua duração. Mas quando a equação é sofrimento intenso por período prolongado é como se nossa vida fosse uma contínua piracema. E deserto é deserto. Não há como delegar um pouco de seu sofrimento a quem está ao seu lado como se tratasse de uma bagagem pesada, nada disso. Você tem de carregar o piano sozinho. O deserto é um lugar de solidão. Exato: quando você precisa de companhia e ajuda ela não está ao seu alcance. E o mais incrível é que o deserto é um período de prova. E em havendo reprovação ele retorna para lhe dar mais uma chance. Todos nós, humanos que somos, sempre queremos mais uma chance. Mas a chance tem um preço. E bota preço nisso! O deserto é catártico. Se fôssemos justos e santos receberíamos a bênção sem necessidade do deserto. Mas o nosso caráter é testado justamente em razão daquelas situações que o colocaram em xeque. Quando se duvida da virtude alguém, esta virtude é provada. E se espera que da prova venha a aprovação. Além de o deserto ser uma situação terrível por si mesma, não sabemos quando ele vai terminar. Quem foi condenado e está cumprindo pena conta cada dia como um dia a menos. Mas quem está no deserto não consegue fazer este cálculo, porque tudo é imprevisibilidade. Os israelitas sabiam que para cada um dos 40 dias de espionagem na Terra Prometida seria pago um ano, o que redunda em 40 anos. Mas nem sempre sabemos quanto tempo durará nossa aflição. Marx outrora falou do prolongamento da jornada de trabalho e do aumento da intensidade do ritmo de trabalho. Na verdade, em O Capital tudo parece ser meramente econômico. Mas a economia é só um entre muitos outros reflexos do mundo espiritual. Em todo momento somos apertados em mais de um sentido e o que é espiritual tem galardão espiritual. Num dia estamos numa arena romana, noutro dia estamos na corveia, noutro momento no chão de fábrica e quem sabe hoje diante de um computador. Mas a lógica é sempre a mesma: ser atarraxado num sentido e esticado em outro. Como se cada um de nós estivesse na matemática da cruz com o eixo x e o y.



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