Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)
Advogado
Filósofo
Jornalista (DRT 3792/SC)
Peter Drucker observa que entre o Papa e o padre da menor das paróquias existe apenas um intermediário, o bispo. E chama a Igreja Católica de “a maior, mais antiga e mais bem sucedida instituição do Ocidente”. Bem, tudo isto para dizer que não devemos complexificar demais a estrutura das organizações. Mas o cristianismo funciona bem não só em função de sua organização hierárquica, ligeiramente simplificada, e jurisdição dividida em dioceses e paróquias, modelo copiado do Império Romano, mas porque oferece a melhor mercadoria do mundo: a vida eterna. A vida transcorre, grosso modo, entre o nascimento e a morte, embora já haja vida na dimensão intrauterina. E a única certeza que temos é exatamente esta: a da morte. Francesco Carnelutti, em Misérias do Processo Penal, diz exatamente isto: a maior prisão é a da finitude. Ocorre que o discurso cristão deixou de ser prerrogativa da catolicidade para ser manejado pelos chamados protestantes, ou mais modernamente, evangélicos. O fato é que ninguém quer sucumbir, no sentido de mergulhar no nada absoluto, mas prefere crer que a morte é uma passagem, da empiria ao metafísico. E onde fica a inovação? A inovação fica na teologia que continuamente reestrutura a compreensão das Sagradas Escrituras em função do caldo cultural secular. As tecnologias são continuamente substituídas por outras mais sofisticadas, fecham-se empresas e nascem outras mais poderosas, as gerações mais novas passam a ocupar o cargo deixado pelas gerações mais velhas e no mundo onde tudo muda, não muda, ao menos não substancialmente, o prazo da vida. Ninguém quer pôr a perder sua alma. A informática não cria novas capacidades, mas potencializa as capacidades já existentes, diria Drucker. E até para fins religiosos é empregada a tal informática. Vez por outra se ganha uma alma para Cristo com uma simples postagem numa rede social. Evangelho é marketing. O pastor é um manager e o pastoreio é um management. Não por acaso Hunter comparou o monge ao executivo. O líder de confissão religiosa em nada fica para trás em relação ao mais ambicioso dos empreendedores. Se isto tudo fosse pouco, o pastor tem a oferecer o que nem a NASA, nem Massachusetts Institute of Technology têm a oferecer, ou seja, a vida eterna. Exatamente ela que se alcança pela graça num mundo onde tudo precisa ser pago.