Experiência Religiosa

Quem já não foi ao culto e ouviu o pastor dizer “cristianismo não é religião, é muito mais do que isto”? Bem, se lermos os primeiros defensores do cristianismo quando o paganismo ainda era a corrente mais forte, vemos que os cristãos se esforçavam para serem vistos como seguidores de uma religião. Naquele momento, o cristianismo era visto como algo parvo e de pouca importância. Hoje ele parece que já não cabe dentro de nenhum conceito, de tão amplo que se tornou. Bem, enquanto uns consideram o cristianismo como menos do que uma religião e outros como mais do que uma religião, eu o considero exatamente como isto: como uma religião, nem aquém e nem além. E embora eu diga isto, é evidente que, ao menos para mim, ele é a mais importante e a única verdadeira de todas as religiões. Mas há diversas formas de viver religião. A maioria das pessoas, ainda que permaneça na religião em que nasceu, toma contato com várias denominações. E onde ela vai atracar seu navio? Simples: onde faz uma autêntica e genuína experiência religiosa. Em contrapartida, pode-se dizer que a religião que mais possui desertores em suas fileiras é aquela em que as pessoas não conseguem fazer esta experiência. As pessoas não querem apenas uma moral, um rito, um costume, por mais belo que seja, as pessoas querem o sagrado. E a busca pelo sagrado não irá cessar até que se torne uma realidade. É curioso: mas há pessoas senis que ainda não fizeram a experiência do sagrado e outros o fazem já na precoce adolescência. As pessoas são como um corpo espiritual do qual um pedaço foi arrancado e lutam durante toda a existência tencionando a completude com aquela misteriosa porção avulsa. Uma vida sem experiência religiosa não vale à pena ser vivida. E o mínimo que o Criador espera de nós depois desse momento de intimidade é que sejamos outros depois da consubstanciação dessa doce experiência. Muitas vezes não entendemos porque passamos por tantas dificuldades. É que estamos sendo preparados para mergulhar neste rio de água viva. Porque para sentir Deus é necessário que se esteja com a própria sensibilidade apurada. Também porque precisamos ser esvaziados de nós mesmos para que Deus possa nos preencher. Ninguém é bom filósofo sem ter passado por esta experiência. Porque a forma sem o conteúdo é vazia e sem sentido. A racionalidade e o misticismo são complementares. E nem precisamos fazer do misticismo um estilo de vida, basta que uma única vez sejamos tocados profundamente. Quem passou por isso sabe do que estou falar e quem não passou sequer suspeita a que estou me referindo. A experiência religiosa, paradoxalmente do que sugere a semântica do termo, é algo que transcende a empiria. O objeto da experiência religiosa é o meta-físico, o sobre-natural, o para-normal, o supra-sensível. Como tudo o que se conquista na vida, é resultado de muito esforço, busca e disciplina